As redes de hackers são cada vez mais sofisticadas e passaram a escolher como alvos os equipamentos móveis. Uma das portas mais frequentes é o download de aplicações.
É fanático da segurança no seu computador pessoal? Compra e renova atualmente um antivírus? E faz o mesmo com o seu smartphone ou o seu tablet? Então vejamos, Mais de 1,5 mil milhões deste tipo de aparelhos estavam no ano passado ligados à Internet em todo o mundo. E pelo menos 16 milhões foram infectados, segundo um estudo divulgado recentemente referente àquele período. Ainda mais dramático, os hackers não escolhem alvos e atacam quer o sistema Windows da Microsoft, passando pelo IOS da Apple ou o Android da Google. E segundo os especialistas, o número destes vírus começa a equiparar-se ao dos computadores convencionais.
A ausência de protecção nos tablets e smartphones são a porta de entrada para as contas bancárias, as redes sociais e tudo aquilo que passou a fazer parte do quotidiano da maioria da pessoas. E deixam as empresas altamente vulneráveis quando os seus colaboradores acedem à informação das mesmas a partir destes equipamentos.
Só no ano passado, a Kaspersky, uma das maiores empresas de segurança do mundo informática detectou 30 849 novos programas prejudiciais em tablets e smartphones. No primeiro trimestre deste ano foram detectadas 103 072 ameaças e no segundo 291 887, ou seja, mais do dobro.
Downloads são porta de entrada
Como entram estes convidados indesejados nos três sistemas operativos? É simples. Basta descarregar uma aplicação que até pode estar na Google Store no Marketplace do Windows ou na APP Store da Apple, websites que lançam diariamente dois a três mil novos aplicativos, de um total de milhões alojados naqueles sites.
Nuno Periquito, da AnubisNetworks, uma empresa de segurança nacional, explica os procedimentos mais usuais. “Se um consumidor faz um download de uma aplicação de origem chinesa, por exemplo, que promete acesso gratuito a aplicações que normalmente não o são, obviamente que está a arriscar-se a que toda a sua informação privada do seu smartphone seja devassada. A principal defesa das pessoas é terem muito cuidado nas aplicações que descarregam”.
Mas também há outras formas de contágio que o utilizador final nem sequer desconfia. Por exemplo os adware, anúncios que aparecem insistentemente no ecrã depois de se visitarem páginas não seguras sobre os quais os hackers recebem uma comissão. Outra maneira muito simples de roubar dados é utilizar uma rede aparentemente confiável. Como sejam as que existem nos aeroportos e permitem escolher um Wifi gratuito.
O que é equivalente a dizer bye bye privacidade. Nesse mesmo momento, um hacker pode roubar todos os seus dados do smartphone ou do tablet. A receita é simples e passa somente pela utilização da mesma rede para que o consumidor final se convença que está a utilizar um serviço seguro do aeroporto.
Redes organizadas
Ao contrário do que se possa pensar, este é um negócio altamente lucrativo e organizado ao ínfimo pormenor, semelhante às redes de prostituição que raptam mulheres de países menos desenvolvidos para as venderem em países mais ricos, Os grupos de hackers organizam-se de uma forma idêntica às empresas tradicionais, desenvolvem os seus programas e são altamente eficientes em termos de ganhos financeiros.
Mais. A estrutura costuma estar organizada em três níveis. No primeiro encontram-se os hackers que infectam e desenvolvem os vírus, desde os adwares (o adware é um tipo de malware) aos malware. No segundo nível estão os analistas que tratam a informação e separam as lucrativas, como as passwords de acesso aos bancos, das restantes. Finalmente, a cúpula é constituída por investidores que sustentam toda a infraestrutura e que amealham a maior parte dos lucros em países fora da Europa, como a Rússia e a Ucrânia, num negócio altamente lucrativo.
Alguns tipos de malware que tinham quase desaparecido dos computadores começam agora a atacar os telemóveis. É o caso do “vírus da polícia”, que bloqueia estes equipamentos, acusando os seus utilizadores de acederem a conteúdo ilegal. Este tipo de infecção é denominada de ransomware, um malware cujo suposto antídoto passa pelo pagamento de cerca de 500 euros para o desbloqueio dos telemóveis.
Em contrapartida, também os métodos para combater estas situações são cada ver mais sofisticados. O segredo é garantir que a informação que está no aparelho é exclusivamente do seu proprietário legítimo. A revista Wired divulgou recentemente um novo sistema para a versão 5 do Android, que passa por um simples truque, um sistema de reconhecimento de voz que dificulta enormemente o hackeamento dos acessos ilegais.