Uma boa causa


É vertiginosa a velocidade com que o tempo passa numa vida plena, como também pode ser lenta e agonizante a velocidade de uma vida parada. Em qualquer das circunstâncias haverá fatalmente insatisfação. Ou porque o tempo nos falta sempre, e assim se perde o sabor das coisas, ou então porque o tempo sobra, engordando assim…


É vertiginosa a velocidade com que o tempo passa numa vida plena, como também pode ser lenta e agonizante a velocidade de uma vida parada. Em qualquer das circunstâncias haverá fatalmente insatisfação. Ou porque o tempo nos falta sempre, e assim se perde o sabor das coisas, ou então porque o tempo sobra, engordando assim o tédio e a misantropia. Só aparentemente é que uma das situações será melhor que a contrária, porque a insatisfação é a constante comum, e depois, feitas as contas, tudo dependerá da capacidade e da forma como conseguimos temperá-la todos os dias. O ócio é tão recomendável na vida como o trabalho, somos a soma das duas coisas, mas só a determinada altura do nosso caminho é que nos conseguimos aperceber bem do facto, e depois, sim, confrontamo-nos com a real inclemência do tempo, que não volta nunca ao lugar donde partiu, e estamos sós, plenos ou parados, a tentar perceber que assim é com todas as vidas. Interrogamo-nos, mas afinal que mais terá passado sem nos apercebermos, para além do tempo? Tantas coisas! E convém encarar isso com bonomia, mas sem muita persistência, porque só assim poderemos crer que se recupera alguma coisa de tudo o que nos escapou. É o momento em que entram os outros, os afectos, as relações, os laços e os nós. 

Neste “dia de reflexão” o meu voto é outro, e não menos solene. Hoje casa-se a minha filha, e importante de verdade é o meu orgulho, a certeza de sabê-la forte, e no pleno domínio de todas as minudências que aqui deixei. É dona legítima desse tempo que escorrega. 
 
Escreve ao sábado  

Uma boa causa


É vertiginosa a velocidade com que o tempo passa numa vida plena, como também pode ser lenta e agonizante a velocidade de uma vida parada. Em qualquer das circunstâncias haverá fatalmente insatisfação. Ou porque o tempo nos falta sempre, e assim se perde o sabor das coisas, ou então porque o tempo sobra, engordando assim…


É vertiginosa a velocidade com que o tempo passa numa vida plena, como também pode ser lenta e agonizante a velocidade de uma vida parada. Em qualquer das circunstâncias haverá fatalmente insatisfação. Ou porque o tempo nos falta sempre, e assim se perde o sabor das coisas, ou então porque o tempo sobra, engordando assim o tédio e a misantropia. Só aparentemente é que uma das situações será melhor que a contrária, porque a insatisfação é a constante comum, e depois, feitas as contas, tudo dependerá da capacidade e da forma como conseguimos temperá-la todos os dias. O ócio é tão recomendável na vida como o trabalho, somos a soma das duas coisas, mas só a determinada altura do nosso caminho é que nos conseguimos aperceber bem do facto, e depois, sim, confrontamo-nos com a real inclemência do tempo, que não volta nunca ao lugar donde partiu, e estamos sós, plenos ou parados, a tentar perceber que assim é com todas as vidas. Interrogamo-nos, mas afinal que mais terá passado sem nos apercebermos, para além do tempo? Tantas coisas! E convém encarar isso com bonomia, mas sem muita persistência, porque só assim poderemos crer que se recupera alguma coisa de tudo o que nos escapou. É o momento em que entram os outros, os afectos, as relações, os laços e os nós. 

Neste “dia de reflexão” o meu voto é outro, e não menos solene. Hoje casa-se a minha filha, e importante de verdade é o meu orgulho, a certeza de sabê-la forte, e no pleno domínio de todas as minudências que aqui deixei. É dona legítima desse tempo que escorrega. 
 
Escreve ao sábado