O governo português recebeu, esta sexta-feira, a garantia da Volkswagen de que até 7 de Outubro o grupo vai ter um plano detalhado para a correcção das emissões fraudulentas, onde não há referências ao impacto na produção da Autoeuropa.
O ministro da Economia, Pires de Lima, revelou hoje ter recebido uma carta do novo presidente do grupo Volkswagen com a garantia de "um plano detalhado para a correcção de todas estas ilegalidades até 7 de Outubro e que assumirá obviamente os custos de toda esta fraude".
Em declarações aos jornalistas, o governante sublinhou a necessidade de "separar águas", entre a Volkswagen Autoeuropa e o grupo Volkswagen, realçando que, "mesmo que eventualmente no passado tenham sido produzidos veículos com motores com este ‘software' fraudulento [em Portugal], não é responsabilidade da gestão da Autoeuropa".
No final da primeira reunião do grupo de trabalho criado pelo Governo para assegurar a monitorização das acções decorrentes da fraude da VW, Pires de Lima revelou preocupação com o impacto que o "rombo" na reputação do grupo alemão possa ter na produção da fábrica em Portugal.
"Não temos garantias nenhumas, porque este é um rombo sério que a marca VW tem em termos da sua reputação, mas o investimento [na Autoeuropa] continua em execução", afirmou, realçando a importância de "proteger um grande investidor em Portugal, responsável por milhares de postos de trabalho directos e indirectos, e que tem sido um modelo de gestão que merece ser valorizado e respeitado em Portugal".
Aos jornalistas, o governante disse não ter "nenhuma notícia de alteração de posições", mas, reconheceu, "as fábricas existem para vender automóveis e para isso é preciso ter clientes".
Neste sentido, o ministro da Economia realçou que "as acções dos políticos responsáveis e com bom senso devem ser parcas do ponto de vista do espectáculo".
A data de 7 de Outubro foi definida pelo Governo alemão como prazo para o grupo Volkswagen garantir que todos os carros a gasóleo cumprem as normas nacionais de emissões sem usar a tecnologia que manipulou os resultados dos testes de emissões.
O grupo de trabalho, que articula o Ministério da Economia, do Ambiente e também das Finanças, vai focar-se em três grandes áreas – proteger os donos das viaturas, salvaguardar o ambiente e avaliar o eventual incumprimento fiscal, adiantou o ministro.
"Queremos garantir que os donos das viaturas [com motores com emissões fraudulentas] possam ver os seus direitos totalmente protegidos, porque não lhes compete pagar os custos de uma fraude que lhes é alheia", explicou.
Depois, há ainda "responsabilidades ambientais de que o Estado português se quer ver ressarcido e poderá haver ou não elementos de incumprimento ou fraude fiscal", temas que vão voltar a ser avaliados nas reuniões agendadas para as próximas duas semanas.
O objectivo é ainda na primeira quinzena de Outubro, em coordenação com as entidades europeias, ter um plano de acção para fazer face a esta fraude para que possa ser apreciado pelo Governo, acrescentou.
A Volkswagen provocou na semana passada a indignação mundial quando admitiu que 11 milhões de carros a gasóleo em todo o mundo estão equipados com os chamados dispositivos de descativação que ativam controlos de poluição durante os testes, mas automaticamente os desligam quando o carro está em condução.