A PSP vai ter um dia difícil e com boa parte do efectivo do comando de Lisboa concentrado na zona da baixa. À mesma hora, a polícia terá de garantir a segurança de três arruadas políticas – do PSD, do PS e da CDU –, de uma manifestação da GNR onde são esperados dois mil militares e de um outro protesto de taxistas contra a “Uber”.
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Ontem de manhã, a PSP esteve reunida com os promotores da manif da GNR e pediu aos colegas uma “atenção especial” ao cumprimento das “regras de segurança” – de maneira a garantir que não haverá incidentes de segurança na tarde de hoje. Ao que o i apurou, foi solicitado aos organizadores que evitem a “dispersão de manifestantes”, circulando só nas ruas reservadas.
Os militares da GNR concentram-se a partir das 17h30 no Largo Camões e vão passar pela Rua do Loreto, pela Calçada do Combro e pelas ruas Poiais de São Bento, Calçada da Estrela, Almeida Brandão, Borges Carneiro e Imprensa à Estrela. Prevê-se que o desfile termine por volta das 20h à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em SãoBento – onde será aprovada uma moção contra os processos disciplinares recentemente levantados a dirigentes associativos da GNR.
Mais ou menos à mesma hora, PSD, PS e CDU andarão na rua e não muito longe. A caravana da coligação concentra-se por às 18h no Largo do Carmo – onde fica o comando-geral da GNR –, descendo até à Praça da Figueira. O percurso é o mesmo que os taxistas vão tomar. “Vamos lá estar todos e vamos bloquear aquilo tudo para confrontar o primeiro-ministro”, prometeu ontem o presidente da ANTRAL. Os taxistas queixam-se que a actividade da empresa “Uber” continua sem ser fiscalizada.
Já a concentração dos socialistas está marcada para as 16h junto à “Brasileira”. E Jerónimo de Sousa também estará pela zona: a arruada de comunistas está programada para as 17h30. e acontece também no Chiado.
pouca adesão Se a manif dos taxistas acontece na arruada da coligação, a dos militares da GNR dificilmente se cruzará com Passos Coelho. O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), que convocou o protesto, garante que o objectivo da manifestação não passa por aí. “Mas caso aconteça essa coincidência, é possível que o primeiro-ministro ouça alguns apupos”, admite César Nogueira.
Seja como for, a manifestação deverá ter pouca adesão. Nos últimos dias, os dirigentes da APG têm tentado mobilizar os militares nas redes sociais, sem grande sucesso. “Espero que na sexta-feira estes números sejam irreais”, chegou a escrever um dos responsáveis da APG no Facebook, comentado o facto de das três mil pessoas convidadas na rede social a participar, só 389 terem respondido que iriam.
César Nogueira garante que o protesto será “bastante participado” e justifica a baixa adesão nas redes sociais com o facto de muitos militares só terem conhecido ontem, depois das 17h, as escalas de serviço para hoje. A juntar à isso, o comando-geral da GNR publicou por estes dias uma lista com os militares “que estão em condições de ser promovidos” e os resultados de pedidos de transferência, obrigando a que muitos militares tenham de mudar de local de trabalho “de um dia para o outro”.
porque protesta a GNR? Na origem do protesto, convocado há mais de um mês pela associação mais representativa da GNR, está a não aprovação do estatuto profissional dos militares – que o governo deixou cair à última hora, apesar de ter avançado com o da PSP. A APG denunciou alegadas pressões da cúpula de generais do Exército que comanda a GNR para que o diploma não avançasse – declarações que custaram ao presidente da APG um processo disciplinar.
Além de se manifestarem contra a não aprovação do estatuto e “por uma GNR independente”, os militares reivindicam ainda um horário de trabalho. “A GNR é a única polícia da Europa que não tem horas de trabalho estipuladas na lei”, diz César Nogueira. A falta de efectivos nos postos e promoções tardias são outras das razões que levam os guardas à rua. Por outro lado, os militares dizem-se “enganados” porque a contrapartida que a ministra Anabela Rodrigues lhes ofereceu pelo atraso no estatuto – as mesmas regras dos militares das Forças Armadas no acesso à reserva e à reforma – ainda não avançou, apesar de ter sido prometida no final de Agosto. O decreto-lei continua sem ser publicado.