Não resta mais nada ao PS, depois de nenhuma sondagem (e foram aguardadas ao longo do dia com grande expectativa) a colocar o partido como vencedor das legislativas de domingo. A fé está toda colocada nos indecisos, o único dado a que a caravana socialista se agarra nesta altura do campeonato. Uma espécie de tábua de salvação para aquele que pode ser um naufrágio traumático, do qual não é certo que António Costa se possa salvar.
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No núcleo que tem acompanhado Costa não se fala no cenário de derrota nem do que o líder fará perante esse resultado. Pode não ser líquido que saia, mas para isso era necessário que o resultado eleitoral estivesse no empate ou perto disso. Certo é que nestes 15 dias não foi só nas sondagens que a caravana socialista não descolou. Costa bem falou num “levantamento”, que garante ter visto sobretudo na última semana, mas a mobilização do partido ficou muitas vezes aquém de outros combates. É bom não esquecer que Costa precisava das mesmas estruturas distritais que ainda saravam as feridas de uma luta interna brutal há precisamente um ano.
O golpe maior veio mesmo do adversário directo, com um discurso apostado em acenar com o passado de obras públicas, que obrigou Costa a lembrar mais do que uma vez que não era Sócrates. Mas, pior, os indicadores económicos a mostrarem melhorias.
O apelo aos indecisos fechou a campanha, com Costa a tentar reconquistar os que, neste lote, estão desconfiados com o PS. Fez isso ontem em Vila Nova de Gaia, onde também alertou para o eventual caos pós-eleitoral de uma vitória pouco clara. A sua aposta final será aqui, foi o que mais repetiu nos últimos dias:é o único em condições de negociar com todos.