O almoço em que a voz do fado se atirou a Maria de Belém e a de Costa falhou

O almoço em que a voz do fado se atirou a Maria de Belém e a de Costa falhou


A candidata presidencial e ex-presidente do partido estava presente no almoço da Trindade no qual Carlos do Carmo não poupou nas críticas aos socialistas e à candidatura presidencial que apareceu “nas costas do secterário-geral”. 


António Costa falou depois, mas poucos minutos, já que perdeu a voz.

Foi do discurso mais inesperado que, esta sexta-feira, no almoço da campanha do PS em Lisboa, saíram as críticas mais fortes e ainda uma referência a José Sócrates. O fadista Carlos do Carmo atirou mesmo a uma socialista que estava sentada na mesa de honra, Maria de Belém, por ter apresentado “uma candidatura a Belém” “nas costas” do secretário-geral do PS. Um almoço atribulado onde o candidato socialista não conseguiu terminar o discurso porque ficou sem voz.

O cantor apresentou-se no discurso não como “simpatizante, mas não antipatizante” do PS e passou ao ataque começando logo por referir que “foi muito duro para António Costa fazer campanha com um ex-primeiro-ministro preso, com camaradas do partido a darem sistematicamente entrevistas a deitá-lo abaixo”. E logo de seguida avançou, sem referir o nome, com com outro ataque: “Nas costas do secretário-geral apresentou-se uma candidatura a Belém”. Os socialistas aplaudiram, António Costa não. Na mesa de honra do almoço na Cervejaria Trindade estava sentada (na ponta oposta a Carlos do Carmo) Maria de Belém que avançou com uma candidatura à Presidência da República, enquanto António Costa estava em directo na SIC-Notícias, a dar uma entrevista. 

António Costa discursou mais tarde e gracejou com o fadista, dizendo ter feito “um acordo com Carlos do Carmo. Ele felizmente não cumpriu a parte dele: ele não faria discursos políticos e eu não cantaria o fado”. Costa avançou depois para as sondagens, onde insiste em ver o copo meio cheio para o PS. “Há uma esmagadora maioria de portugueses que querem pôr termo a este governo”, referiu quando falava nos indecisos. Mas quando se preparava para elencar as “várias razões para as pessoas continuarem indecisas”, falhou-lhe a voz e teve de parar o discurso.

Antes do secretário-geral do PS discursou o seu líder parlamentar, Ferro Rodrigues, que atirou “às combinatas e avisos entre direcções do PCP e PSD” e atacou, levantando o apoio da sala de apoiantes socialistas, o Presidente da República por falhar à cerimónia do 5 de Outubro. “Não pode raciocinar como gostando ou não das cerimónias”, acusou Ferro para logo a seguir continuar dizendo que “é uma vergonha para Portugal e para o povo português”. E rematou: “Presidente da República, primeiro-ministro, gostem ou não vão ter de dar posse a um governo com António Costa como primeiro-ministro.

O primeiro a discursar num almoço atribulado foi o presidente da Câmara de Lisboa que sucedeu a António Costa no cargo.Fernando Media fez um discurso apostado no voto útil, atacando o BE e o PCP e argumentou que “António Costa e o PS são os únicos que têm propostas moderadas, progressistas e realistas, capaz de sarar as feridas destes anos de ajustamento”. Lançou a questão a quem pensa votar no PCP, que defende “avaliar a saída de Portugal da moeda única”, como frisou: “Acham que no dia a seguir as vossas poupanças estavam bem protegidas nos bancos? Que há melhores condições para recuperarem salários e pensões?”

E fez o mesmo sobre o BE, depois de reconhecer “inteligência e simpatia” a Catarina Martins e Mariana Mortágua. “Isto não é um concurso de beleza, nem de simpatia, mas as eleições sobre o que nos vai acontecer no dia a seguir e nos quatro anos a seguir”. Assim, Medina atirou: “A pergunta que temos de fazer quem pensa votar no BE é se alguém acredita que se fizermos a reestruturação da dívida isso vai melhorar a situação e cada um? Não vai”, respondeu.

No almoço, quando Carlos do Carmo se preparava para começar a falar, entrou ainda o fundador do partido Mário Soares que saiu logo no final dos discursos. Já António José Seguro faltou à chamada de António Costa que convidou todos os ex-líderes e ex-presidentes do partido para estarem no almoço em Lisboa, no último dia de campanha eleitoral. Dos antigos secretários gerais do partido, apareceram, assim, Mário Soares, Jorge Sampaio e Ferro Rodrigues e dos presidentes, esteve Almeida Santos e Maria de Belém. Manuel Alegre, um histórico do partido, voltou a estar ao lado do candidato do PS pela terceira vez (já tinha estado no comício de Lisboa há dois dias e na noites de quinta-feira também esteve em Coimbra).