Dívida pública. PS prevê mais 30 mil milhões do que a coligação em 2019

Dívida pública. PS prevê mais 30 mil milhões do que a coligação em 2019


Proposta socialista aponta para 117,6% do PIB em 2019. Programa do PSD/CDS avança com 107,6% do PIB.


Um dos mitos da campanha eleitoral que hoje termina é que apenas o PS tem programa e as contas feitas. Aliás, nos primeiros dias na estrada, António Costa fazia questão de agitar o livro socialista. Deixou de o fazer quando no debate radiofónico com Passos Coelho, a jornalista Graça Franco da Renascença lhe perguntou como é que ia cortar 1020 milhões nas pensões não contributivas. Apanhado em falso, andou uma semana a tentar explicar os cortes e decidiu deixar o livro em casa. A verdade é que a coligação PSD/CDS tem o seu programa económico bem definido desde que o governo entregou em Bruxelas o Programa de Estabilidade e Crescimento para o período entre 2015 e 2019. O documento, entregue na Primavera, é a base da proposta eleitoral da coligação e já foi objecto de análises por parte de várias entidades nacionais, para além da própria Comissão Europeia. 

E como um dos aspectos mais referidos ao longo da campanha tem sido a forma como os principais adversários eleitorais encaram a evlução da dívida pública, importa salientar que a coligação prevê que atinja os 124,2% do PIB no final deste ano, 121,5% em 2016, 116,6% em 2017, 112,1% em 2018 e 107,6% em 2019. Isto é, no final do período considerado a dívida pública estará nos 222 mil milhões de euros para um PIB nacional de 207 mil milhões de euros. 
Para se chegar a estes valores, a coligação prevê um crescimento económico de 2% em 2016 e de 2,4% nos anos seguintes. 

Já o Partido Socialista, no tal programa elaborado por um conjunto de economistas e muito gabado por António Costa, prevê crescimentos muito superiores não só aos da coligação como da própria Comissão Europeia. Para o PS, a economia vai crescer 2,4% em 2016, 3,1% em 2017, 2,6% em 2018 e 2,3% em 2019. 

Quanto à dívida, o PS parte de dos mais de 130% do PIB no final deste ano para chegar aos 117,6% no final de 2019. Traduzindo estas percentagens, o socialistas apontam para um PIB de 213 mil milhões no final de 2019 e uma dívida pública de 251 mil milhões. Já a coligação do PSD com o CDS fala num PIB de 207 mil milhões em 2019 e de uma dívida de 222 mil milhões no final desse ano. Feitas as contas, a dívida pública com o Partido Socialista no poder seria 30 mil milhões de euros superior do que com a coligação PSD/CDS no governo nos próximos quatro anos. 

As propostas socialistas, baseadas num crescimento maior da economia do que as previsões da coligação e da Comissão Europeia, implicam necessariamenta mais défice nos próximos quatro anos e, logo, mais dívida. Para além do aumento da despesa pública, com a reposição mais rápida dos cortes nos salários dos funcionários públicos e da sobretaxa do IRS, o PS também defende uma substancial redução das receitas da Segurança Social com o corte de quatro pontos na TSU paga pelos trabalhadores. Embora diga que a quebra de 5,5 mil milhôes pode ser compensada com o aumento do emprego, logo das contribuições, António Costa também foi dizendo na campanha eleitoral que em última análise iria utilizar as receitas das portagens, que cobrem 30% das despesas da Infraestruturas de Portugal, e mesmo cobrir esse buraco na Segurança Social com o Orçamento do Estado. E, neste caso, ou o défice aumentava, com a dívida a subir mais do que o previsto, ou aumentava ainda mais os impostos. 

Tudo cenários que domingo à noite valerá ou não discutir e aprofundar para se perceber o que  vai acontecer a Portugal.