Mais do que afectar o grupo Volkswagen é a marca Alemanha que sai prejudicada. A garantia foi dada ao i pelo especialista em construção e gestão de marcas, Carlos Coelho, que lembra ainda que se o escândalo ocorresse noutra empresa como a Ferrari provavelmente não chocaria tanto. “As pessoas pensavam que era uma marca italiana e era com a Ferrari”, salienta. O especialista critica ainda o tempo que o fabricante alemão demorou a assumir as culpas. “Num caso destes, a marca tinha obrigação de fazer um pedido de desculpas no mesmo dia em que a fraude foi descoberta e o presidente teria de pedir imediatamente a sua demissão e sem qualquer regalias e não demorar dias e dias a digerir este escândalo”, refere.
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De acordo com o responsável, voltar a recuperar a credibilidade vai ser um processo lento. “Pode demorar anos até que o grupo Volkswagen volte a recuperar a sua imagem, confiança e credibilidade. A marca não morreu porque era muito forte, mas vai demorar muito tempo até atingir os mesmos níveis de confiança que tinha até agora”. E lembra que, se até aqui os clientes da marca tinham orgulho em conduzir um carro alemão e um carro da Volkswagen agora começam “a sentir vergonha”.
Para Carlos Coelho a solução para estes casos é reagir da forma mais rápida possível e, de acordo com o mesmo, só as empresas de aviação é que seguem esta regra. “Quando é preciso defender a reputação tem de se reagir depressa. Um avião quando cai, a companhia de aviação não fica de braços cruzados, reage imediatamente e em último caso assistimos à demissão no mesmo dia do administrador”, refere.
Segundo o especialista das marcas, “é mais fácil obter notoriedade do que gerir silêncio e, no caso da Volkswagen, é mais do que isso, é gerir que não se fale do caso”, conclui.
A verdade é que as consequências deste escândalo já se começam a sentir e os receios sobre eventuais perdas de postos de trabalho a nível mundial são cada vez maiores. O ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, já veio acalmar os ânimos, referindo que esta situação não deve custar nenhum emprego, nem na Alemanha, nem no resto do mundo.
"Todos queremos fazer tudo para que a Volkswagen volte a uma situação estável – não pelos directores, mas pelos 600 mil empregados”, disse.