Christine Lagarde, directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), alertou ontem para que a desaceleração constante das economias emergentes vai provocar um arrefecimento económico generalizado este ano e no próximo. Este mês de Outubro, oFMIdeverá rever em baixa as estimativas de crescimento global tanto para o corrente ano como para 2016.
“As notícias menos boas são que as economias emergentes deverão viver o quinto ano consecutivo de declínio no crescimento económico”, apontou Lagarde no encontro anual do FMIe do Banco Mundial. A líder do FMIapontou mesmo que o cenário pode continuar a piorar para os emergentes, que deverão ser afectados por um período de preços baixos ao nível das matérias-primas. “Ocrescimento global deverá ser mais fraco este ano do que no anterior e esperamos não mais que uma aceleração modesta em 2016”, disse a ex-ministra das Finanças francesa.
Em Julho último, o FMIavançou com uma previsão de um crescimento de 3,3% para a economia mundial em 2015, valor já pouco abaixo do registado em 2014, e de 3,8% para 2016. Cerca de dois meses depois, estas previsões já estão em xeque e espera-se que o FMIrefaça as projecções ainda este mês, já que Lagarde vê agora os valores de Julho para 2015 e 2016 como “não muito realistas”.
“Estamos num processo de recuperação cujo ritmo está a desacelerar. Existe uma mudança entre países emergentes e desenvolvidos. Os primeiros, que estavam a liderar a recuperação global há não muito tempo, estão a desacelerar. Os outros estão a sentir o seu ímpeto a acelerar”, disse Lagarde já em entrevista publicada ontem pelo jornal francês “LesEchos”, citada pelaReuters.
“Somando tudo isto, vemos um crescimento global desapontante e desequilibrado. Além disso, as projecções de crescimento a médio prazo também estão mais fragilizadas. O‘novo medíocre’ para o qual avisei exactamente há um ano, ou seja, o risco de vários anos de crescimento débil, está cada vez mais próximo”, sublinhou a directora-geral do FMI. “Porquê?Porque o crescimento potencial está a ser atrasado por baixa produtividade, envelhecimento da população e o legado da crise financeira global. As dívidas altas, os baixos níveis de investimento e uma banca fraca são um fardo para algumas economias avançadas.”