No comício de Braga, Cavaco Silva voltou a ser criticado pela CDU que o acusa de, amedrontar os eleitores sob o pretexto da ingovernabilidade e de pretender “perpetuar a mesma política de sempre”. O dia hoje começa na Baixa da Banheira com uma arruada e prossegue em Almada num almoço com reformados, para depois a caravana avançar para Setúbal e terminar na Quinta do Conde.
Não se pode dizer que tenha sido uma enchente ontem no comício em Braga. Mas também, na verdade, pode-se dizer que o risco de um comício de rua, a meio da semana, quase em cima da hora de um jogo de futebol, e no topo da grande avenida da Liberdade, foi superado com a presença de umas centenas de pessoas. Jerónimo não perdeu a oportunidade de, como aliás tinha prometido, cobrar os custos de todas as medidas, uma a uma, do actual governo, numa guerra que vai muito além do voto indeciso. O líder comunista procura pescar nas águas agitadas de um eleitorado que votando tradicionalmente PSD/CDS, se sente descontente e desiludido.
É um eleitorado que Jerónimo diz estar a ser amedrontado com as declarações do Presidente da República sobre o risco da ingovernabilidade das maiorias relativas: “Andam para aí a meter medo com a falta de estabilidade. Pobres de espírito os que julgam que pela estratégia do medo amedrontam o povo, que o podem fazer desistir de querer um futuro melhor para as suas vidas. Andam aí, a coligação PSD /CDS e o PS a clamar por maiorias absolutas. Ei-los uns e outro atrás das manobras e chantagens de Cavaco Silva para alcançar essa maioria, seja de um ou de outro, para perpetuar a mesma política de sempre”.
Não é nova a acusação da CDU a Cavaco Silva. Ainda na pré-campanha, e a propósito das sondagens que davam maioria de votos ao PS, mas maior número de mandatos à coligação governamental, o Expresso referia a intenção do Presidente da República de, perante esse cenário, optar por chamar sempre o partido que obtivesse mais mandatos. Na altura Jerónimo criticava Cavaco por vir a terreiro alimentar cenários pós-eleitorais, antes dos eleitores se pronunciarem, com o propósito, dizia então Jerónimo de Sousa, de “condicionar o voto dos portugueses”.