Ângelo Correia. “Os políticos não se preocupam com o futuro”

Ângelo Correia. “Os políticos não se preocupam com o futuro”


Ângelo Correia. Ex-ministro da Administração Interna.


A sua tese de doutoramento em Ciências Sociais é sobre um “Conceito Estratégico Nacional”. Encontra esse conceito nesta campanha?
Vi um décimo ou um vigésimo do que se passou, mas o que vi foi uma enorme distância entre o teor da campanha e aquilo que é a perspectiva e o futuro do país. O futuro não ficou reflectido no presente.

Que significado tem isso?
Significa que classe política não se preocupa com o futuro e a prevalência está sempre no curto prazo. Significa a recusa de ver à distância, de olhar para a Europa como um espaço de integração e de reflectir sobre ele. Significa a recusa de debater a organização de Portugal em diálogo, aproveitando os momentos que ocorrem. Não se pode fazer um percurso nacional apenas centrado no desejo da liderança.

Quais eram as questões que não podiam te deixado de estar em debate?
Primeiro, perceber como é que a economia vai crescer e gerar meios para pagar o estado social. Segundo, que estado social podemos esperar para os próximos anos e que direitos sociais queremos que sejam  salvaguardados. Terceiro: o que podemos esperar da Europa, já que é cenário obrigatório e mandatório da nossa acção. Quarto, como é que o mundo nos influencia e como é que podemos influenciar mundo, pelo menos no nosso espaço de influência, que é a CPLP. Não vi debate sobre política externa, educação ou justiça. Discutimos as árvores e esquecemos a floresta.

Quem vai ganhar?
Não sei.

E se Costa perder?
Há uma frase bíblica que diz: “com ferros matas, com ferros morres.”