Governo cria grupo de trabalho para monitorizar acções sobre fraude da Volkswagen

Governo cria grupo de trabalho para monitorizar acções sobre fraude da Volkswagen


“Não é responsabilidade, não é sobre estes detentores de veículos que vai recair o custo”, disse ministro.


O ministro da Economia, António Pires de Lima, anunciou esta quarta-feira a criação de um grupo de trabalho para assegurar a monitorização das ações decorrentes da fraude da Volkswagen.

“O Governo decidiu constituir um grupo de trabalho”, que será composto pelos secretários de Estado da Inovação, Transportes e do Ambiente e onde se inclui técnicos do IMT e da Agência do Ambiente, para coordenar e "assegurar a monitorização das ações" decorrentes da fraude de Volkswagen, disse o governante.

Pires de Lima falava aos jornalistas após a última reunião do Conselho da Indústria desta legislatura.

O ministro disse ainda querer "tranquilizar" os consumidores portugueses que tenham adquirido um veículo da marca alemã com kit fraudulento instalado para as emissões poluentes.

"Não é responsabilidade, não é sobre estes detentores de veículos que vai recair o custo", disse.

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) "está a trabalhar de forma muito estreita com o centro de homologação de veículos na Alemanha", afirmou o governante, salientando que este é o centro responsável pela homologação de todos os Volkswagen na Europa com motor diesel EU5, que é aquele foi alvo fraude.

Na quinta-feira, adiantou, o Conselho de Competitividade vai abordar este tema "e a gravidade das suas implicações a nível europeu" e Portugal vai estar presente através do secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves.

"Portugal está a actuar de forma articulada e na linha da frente de tudo aquilo que é necessário fazer para avaliar as consequências desta fraude e poder corrigi-la", salientou.

"Compete à Volkswagen e ao centro de homologação dar nota de quais são os veículos que estão neste momento no mercado europeu, e são muitos, cerca de 92.000 em Portugal, que precisam de ser recolhidos para serem corrigidos os seus 'softwares', os seus 'kits'", disse.

"Sabem todos a importância que a Volkswagen e a Autoeuropa têm como investidor em Portugal", apontou Pires de Lima.

"Ao longo dos últimos 25 anos, a Autoeuropa tem sido um dos principais investidores em Portugal, um dos maiores exportadores que temos. Ainda no ano passado anunciou, e está a executar, um investimento de 700 milhões de euros em Portugal, com efeitos indirectos muito superiores. Este investimento está em curso e não há nenhuma novidade que ponha em causa este investimento", disse.

"O ministério da Economia tem como prioridade atrair, captar bom investimento. Não peçam ao senhor ministro da Economia, nem a mim nem à minha equipa, para em nome da espectacularidade de que às vezes a política é feita pôr em causa aquilo que é essencial", salientou.

"Continuamos a trabalhar com a Autoeuropa e com a Volkswagen para que o investimento se concretize dentro dos 'timings' [prazos] que está previsto, com os apoios que foram previstos, porque esse investimento é importante para Portugal, para criar riqueza, e para o 'cluster' automóvel, que é fundamental na estratégia da nossa economia, possa continuar a prosperar", sublinhou o governante.

António Pires de Lima considerou que há "incertezas" sobre todo este processo, e apontou que as investigações estão a decorrer.

"A informação que nos foi dada na semana passada é que a Autoeuropa não tinha produzido veículos para os Estados Unidos da América", pelo que na altura a fábrica de Palmela estava excluída, explicou.

Com o evoluir do processo, detectou-se que a fraude também afectava o mercado europeu, pelo que "todas as fábricas que produziram para o mercado europeu não estão livres de terem produzido automóveis com incorporação desse 'kit' fraudulento, incluindo a Autoeuropa", disse.

Pires de Lima salientou que deve ser a Autoeuropa e o grupo Volkswagen a darem explicações sobre o tema.