Com seis horas de duração, a trilogia de Miguel Gomes estreia nos EUA na próxima quarta-feira, com a presença do realizador durante a exibição do primeiro filme, "O inquieto".
Segue-se "O desolado", na quinta-feira, e "O encantado", no dia seguinte, sempre com a presença do realizador.
"Uma actualização até ao último minuto do que significa fazer um filme político hoje em dia, o épico hino de Miguel Gomes à arte de contar histórias – filmado durante o recente mergulho de Portugal na austeridade – é uma generosa e radical crónica desses tempos conturbados, que honra a fantasia tão completamente como a dura realidade", explica a organização em comunicado.
O tríptico, que teve antestreia mundial em maio no Festival de Cannes, mereceu o aplauso da imprensa especializada presente em Cannes, que o considerou "um épico" (Libération, Le Monde) e "um dos mais memoráveis" filmes no certame (Indywire).
Recorrendo a reportagens feitas pelas jornalistas Maria José Oliveira, Rita Ferreira e João de Almeida Dias, Miguel Gomes traça a história de um país mergulhado numa crise económica, em austeridade e desemprego, misturando a fantasia dos contos populares árabes de "As mil e uma noites", narrados pela rainha persa Sherazade.
Quanto a Manoel de Oliveira, o seu último filme será exibido no dia 04 de Outubro.
"Visita ou memórias e confissões", que o realizador tinha estipulado que só seria divulgado após a sua morte, foi rodado em 1982, quando Manoel de Oliveira tinha 73 anos, na casa onde viveu cerca de quatro décadas com a mulher, os filhos e os netos.
"Um dos mais extraordinários e comoventes filmes do mestre português, e certamente o seu mais pessoal, 'Visita' assume a rara forma de uma auto-elegia", escreve a organização do festival.
Durante pouco mais de uma hora, o cineasta fala sobre os seus antepassados, aborda a relação com a morte e com o sofrimento, explica o fascínio pelas mulheres e recorda os dias que passou na prisão depois de ter sido detido e interrogado pela PIDE, nos anos 1960.
"A carreira improvável de Oliveira tomou a forma de um longo adeus, mas o seu verdadeiro adeus não é menos tocante na sua simplicidade e lucidez. Ele fez o filme com 73 anos, esperando certamente aproximar-se do final da sua vida. Mas viria a viver mais 33 anos e fazer cerca de 25 filmes, alguns deles entre os seus melhores, num crepúsculo alongado que foi também um auge artístico como nenhum outro", conclui a organização do festival.
O festival, que celebra este ano o seu 53.º aniversário, começou a 25 de Setembro e termina a 11 de Outubro.
Lusa