Allianz Billabong Pro Cascais. “Este é um lugar especial para mim, não podia faltar”

Allianz Billabong Pro Cascais. “Este é um lugar especial para mim, não podia faltar”


Jadson André venceu a prova nos últimos dois anos e voltou para tentar o tri. Nas ondas do Guincho estarão nove portugueses e 12 surfistas da elite 


Nesta altura do ano, o talento por metro quadrado nas ondas da Linha de Cascais aumenta consideravelmente. Na passada semana foram as melhores surfistas do mundo a passar por cá, agora chegam muitas promessas (e certezas) da modalidade para disputar o Allianz Billabong Pro Cascais. Com nove portugueses em acção e 12 dos 34 surfistas da elite (CT), a prova do circuito de qualificação (QS) é uma oportunidade para melhorar os rankings, com o final da época à vista. Uns querem qualificar-se para a elite, outros querem manter-se por lá e apostam no plano B: conseguir um bom ranking no QS.

Jadson André está neste último lote, embora o brasileiro de 25 anos tenha outros motivos para competir em Cascais: venceu a prova nos últimos dois anos. Qual é o segredo? “Olha cara, realmente não sei. Acredito que em qualquer competição tem de estar bem preparado, focado e tentar fazer o seu melhor. É o que eu vou fazendo no circuito mundial. Graças a Deus nos últimos dois anos consegui fazer dois campeonatos incríveis e vencer aqui”, diz ao i. Procuramos algum tipo de misticismo seu com as ondas da Linha, mas Jadson não desarma: “Todo o mundo sabe que Portugal é um lugar muito especial para mim, já venci muitos eventos aqui. Tenho uma ligação muito forte, o porquê não sei. Sempre que venho aqui consigo bons resultados e espero que desta vez não seja diferente.”

Jadson nasceu em Natal e começou a surfar cedo. Gostou tanto do feeling que largou o pontapé na bola, esse hábito que atravessa todos os estratos sociais do país. O Brasil é terra de futebol e ele até tinha jeito para a coisa. “É difícil dizer se seria profissional porque larguei o futebol cedo, mas jogava bem.” Deu em surfista e não se deve ter arrependido. Este é o seu quinto ano entre a elite. Está em 20.o no ranking e não tem ainda o seu lugar assegurado para 2016 (permanecem os 22 primeiros). A prova de Cascais – um QS10000, as mais pontuadas no circuito de qualificação – ganhou então maior importância? “Esse é o meu pior ano no QS, não estou sequer no top-50. Sem dúvida que o meu maior foco é permanecer na elite pela classificação do CT, e ainda faltam três eventos muito importantes. Para ser sincero, o meu foco está no CT, mas já que consigo sempre bons resultados e ainda há esse troféu de Cascais (Portuguese Waves Series), é muito bom estar aqui, competir, e quem sabe vencer um desses campeonatos. O principal objectivo são os bons resultados no CT, mas este é um lugar especial para mim, não poderia faltar”, confessa.

Aproveitamos para questionar Jadson sobre os compatriotas Adriano de Souza e Filipe Toledo, que lutam pelo título mundial. “O surf é um desporto individual, não posso ficar a comemorar as vitórias dos meus adversários. Fico feliz pelo que o surf brasileiro tem vindo a fazer. Tirando a competição, nós brasileiros temos uma amizade muito forte. Mas estou focado mesmo é no meu trabalho, a tentar fazer o meu melhor, pois estou a viver a situação oposta à deles.” Um discurso que foge do politicamente correcto e demonstra bem que Jadson não se distrai facilmente com os outros. Ele sabe que ainda tem muito trabalho pela frente para conquistar o seu lugar ao sol na elite.