Quando João Sousa entrou no court para defrontar Milos Raonic na final do torneio de Sampetersburgo, o português sabia que tinha pela frente uma missão complicada. Por todas as razões, desde as quatro finais consecutivas em que saiu derrotado, até ao facto de ter pela frente o número nove do ranking ATP, que ainda não tinha cedido qualquer jogo de serviço durante o torneio.
Milos Raonic é um tenista habituado aos grandes palcos, mas os 14 meses sem qualquer título conquistado, com três finais perdidas pelo meio, mesmo que para Federer, Djokovic e Nishikori, podiam ser um factor a explorar por parte de João Sousa. Mas o gigante tinha no seu jogo uma arma que raras vezes o deixa ficar mal, o seu serviço. Foi graças a ele que nem jogadores como Robredo ou Bautista Agut conseguiram incomodar o seu jogo de serviço nas rondas anteriores, mesmo dispondo de alguns pontos de break.
Fiel ao seu estilo, Raonic venceu o primeiro jogo por 6-3, quebrando o serviço de João Sousa uma vez, e segurando os seus jogos com autênticos mísseis no serviço, conjugados com uma mobilidade fora do comum para um gigante. O segundo set seria completamente diferente, com João Sousa a dar a provar a Raonic uma realidade desconhecida e amarga. Pela primeira vez o canadiano viu o seu serviço ser quebrado no torneio e, como se isso não bastasse, acabou mesmo por perder o set, por 6-3. Para azar do português, Raonic não se deixou abater e voltou ao registo do costume no terceiro e decisivo set, vencendo novamente por 6-3.
Pela quinta vez consecutiva, em seis finais, João Sousa deixaria o court como derrotado. Ainda assim, o tenista português tinha todas as razões para se sentir orgulhoso. Pela primeira vez, ao longo de cinco finais perdidas, João Sousa conseguiu vencer um set, e logo contra o melhor tenista que defrontou com um título em jogo. Ficou a ideia de que se João Sousa tivesse exibido o mesmo nível nas outras finais, ontem poderia ter estado a celebrar o sexto título da carreira.
A derrota foi a terceira de João Sousa contra Milos Raonic, em outros tantos jogos. Tanto no Estoril em 2011, como em Monte Carlo já este ano, nunca o português conseguira roubar um set ao canadiano. Em Sampetersburgo foi diferente e o tenista português chegou a colocar a vitória de Raonic em causa, com uma exibição impressionante dentro de court, mostrando-se apenas incapaz de lutar contra o poderoso serviço do canadiano.
O troféu até pode não ir na mala de João Sousa mas, com este resultado, o português deve subir mais uns lugares no ranking ATP, previsivelmente da 53.a posição para a 47.a Já Milos Raonic somou mais um título ao seu currículo, o sétimo da carreira e o primeiro de 2015. Se muitos consideram que Raonic é o futuro do ténis, João Sousa provou que tem jogo para seguir logo atrás.