Aviões da Força Aérea francesa lançaram ontem os primeiros bombardeamentos contra o autoproclamado Estado Islâmico (ISIS, na sigla inglesa) na Síria, destruindo um campo de treino de jihadistas em Deir al-Zour, no Leste.
Em Nova Iorque, para a assembleia-geral da ONU, o presidente francês, François Hollande, confirmou os primeiros ataques aéreos de França na campanha internacional anti-ISIS, lançada há mais de um ano pelos EUA e uma coligação de dez nações árabes.
Hollande disse ser necessária uma solução política para acabar com a guerra na Síria – que começou em Março de 2011 e que já provocou mais de 100 mil mortos, quatro milhões de refugiados e muitos mais deslocados internos – mas deixou claro que, na sua opinião, o contestado presidente sírio, Bashar al-Assad, não pode fazer parte desse acordo.
Tal como o Reino Unido, ao longo destes meses de campanha contra o ISIS, a França limitou-se a bombardear militantes no Iraque, por temer violar o espaço aéreo sírio. No início deste mês, quando Londres usou drones [aviões não tripulados] para abater dois cidadãos britânicos que se juntaram ao ISIS, Paris informou que ia lançar os primeiros bombardeamentos na Síria “em breve”.
Aliança inédita? No final da semana passada, e depois de confirmada a presença de tropas e armamento russo na Síria, o Kremlin disse que Vladimir Putin e o homólogo americano, Barack Obama, iam aproveitar o encontro de líderes mundiais na ONU para se encontrarem em privado, numa reunião onde vão discutir a hipótese de uma aliança inédita para destronar o ISIS na Síria.
Longo aliado de Bashar al-Assad, Putin tem-se mantido ao lado do presidente sírio, tendo enviado no último mês apoios militares às forças leais ao regime que combatem no terreno contra diversos grupos da oposição. Acusado pelo Ocidente de assassinar milhares de civis, Assad continua agarrado ao poder; e perante os avanços do ISIS e a crise humanitária gerada, que tem levado centenas de milhares de refugiados a procurarem asilo na União Europeia, as alternativas para resolver a crise síria estão a alterar-se.
Citada pela SkyNews, a porta-voz de David Cameron deu ontem a entender que o governo britânico está preparado para cooperar com a Rússia, aumentando a pressão sobre Obama. “O ISIS é uma ameaça tão grande para a Rússia como para a Europa e outros países, portanto devemos encontrar uma forma de avançar e trabalhar em conjunto.”