Garcia Pereira. Morte aos pensamentos sombrios


Da velha escola maoista, Garcia Pereira gostava de matar uns tantos burgueses que não se enquadram na sua linha justa. É isto que resta do velho MRPPdos camaradas Arnaldo Matos, Durão Barroso e Ana Gomes?


O camarada Garcia Pereira é muito cioso das suas palavras e da interpretação que os outros fazem delas, mas o mesmo parece não se aplicar a si. Sendo um ilustre causídico que muitas dores de cabeça tem dado ao patronato – esse é o seu lado mais engraçado, apesar de se fazer pagar muito bem por ele –, o líder do MRPP pelo círculo de Lisboa entende que colocar num cartaz “Morte aos traidores! Fora o escudo” é apenas uma metáfora.

Não percebi se o camarada Pereira quis homenagear o grande líder Mao Tsé Tung ou se apenas teve um mau gosto atroz em defender tal frase. Com um descaramento inacreditável, Pereira entendeu que, apesar de o partido ter retirado a frase dos cartazes e dos tempos de antena, tal medida não perdoa os malfeitores: “Obviamente, essa decisão não tem o mérito de fazer isentar os traidores do opróbrio e da morte certa que os espera.” Lê-se e não se acredita.

O ódio que este homem habituado aos tribunais emana é altamente preocupante. Ou parou no tempo – no tempo em que algumas cabeças pensantes queriam tingir de vermelho os relvados onde correria o sangue de todos os traidores – ou quer mesmo apelar à violência contra todos aqueles pensam de maneira diferente da sua.

Não creio que este apelo à morte, suponho que dos partidos do arco da governação, tenha tido grande destaque na imprensa. Afinal, Garcia Pereira só vive e trabalha em democracia porque os tais responsáveis que ele quer ver mortos permitem essas alarvidades. Isto é: a Constituição contempla a liberdade de pensamento, respeitando a vida dos outros. Garcia Pereira estava, seguramente, desatento nessa “aula” de cidadania.

Imaginemos que estes ditadorzitos de pacotilha chegavam ao poder: haveria lugar para os partidos que professam a democracia? Esta rapaziada da escola de um dos maiores ditadores que a humanidade conheceu – Mao Tsé Tung matou milhões de chineses – goza com as palavras à vontade. Se fosse de algum partido de extrema-direita, não tenho grandes dúvidas de que estaria preso.

Portugal ainda vive agarrado aos complexos do 25 de Abril em que quem é de extrema-direita é fascista, mas quem é de extrema-esquerda é um camarada democrata. Tenho dos extremos a mesmíssima opinião: são perigosos para aquilo que é mais sagrado – a liberdade. Algo com que Garcia Pereira gostaria de acabar.