Caloiros em todo o país trocam praxes tradicionais por enxadas, tintas e pincéis

Caloiros em todo o país trocam praxes tradicionais por enxadas, tintas e pincéis


Os caloiros portugueses estão, cada vez mais, a trocar as tradicionais praxes académicas por enxadas, tintas e pincéis, numa iniciativa das universidades para promover acções de voluntariado junto dos jovens estudantes.


Pintar paredes de escolas ou de instituições, distribuir alimentos e até apanhar batatas são algumas das “praxes” que os novos alunos são convidados a fazer na semana da recepção ao caloiro.

A desenvolver este tipo de acções há sete anos, a faculdade de Economia da Universidade Católica orgulha-se de ter sido pioneira nas “praxes sociais”.

“Fomos a primeira faculdade portuguesa a fazê-las. Este foi o sétimo ano que fizemos. Temos reabilitado espaços, mas este ano decidimos enveredar por um caminho diferente e fomos apanhar batatas para a Golegã, que depois foram entregues ao Banco Alimentar”, disse Catarina Simão, responsável pelo marketing da Universidade Católica.

No ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa já se desenvolve este tipo de acções desde 2014 para “formar cidadãos competentes, mas com consciência social e cultural”, disse fonte daquela escola, adiantando que um passeio com utentes da Associação de Pais e Amigos de Cidadãos com Deficiência Mental, a recuperação de mobiliário urbano no Centro de Interpretação de Monsanto e a remoção de acácias, também em Monsanto, foram algumas das acções deste ano.

Também os caloiros do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa, participaram numa “praxe social”, tendo pintado o muro exterior do Estádio da Tapadinha.

A prática espalhou-se pelo resto do país, sendo que, em Coimbra, há, desde 2014, a associação Cria'ctividade organiza feiras com música, bancas culturais e vendas de roupa em segunda mão.

Localizado em Torres Vedras, o Instituto Superior Politécnico do Oeste, do grupo Lusófona, decidiu acrescentar às pinturas típicas das praxes o arranjo de pátios com plantações de flores e vegetação, disse à Lusa o director Casimiro Ramos.

Em Évora e pelo segundo ano consecutiva, a Associação Académica desenvolveu a iniciativa “Praxe Activa”, em que os novos alunos “são chamados” a fazer companhia a idosos, dobrar roupa em instituições sociais e ajudar a cuidar de crianças com necessidades educativas especiais.

A praxe solidária é já uma tradição na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, cuja associação de estudantes junta há vários anos “doutores” e caloiros na recolha de donativos alimentares porta-a-porta para depois os distribuir por diferentes instituições de solidariedade do concelho.

No ano passado, os caloiros da academia transmontana venderam bengalas simbólicas, cujas verbas reverteram para a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal e, em 2013, foram recolher lixo nas ruas do centro histórico. 

A sul, o curso de Educação Social da Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve organiza este ano, pela segunda vez, uma semana de campo, que inclui natividades como um ‘peddy paper’, uma caminhada na Rota do Contrabandista, experiências associativas locais, uma visita à Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e actividades náuticas.

Lusa