Como vê a campanha? Não gosto de campanhas. Descambam sempre num concurso de mentiras. A diferença é que, nesta, as mentiras começaram mais tarde. Setenta por cento das pessoas sabem isto.
Quem está a ganhar o concurso de mentiras? Vão-se contrapesando. Têm de vender uma coisa para terem votos. É agora ou nunca. E há aquelas cortes próximas dos candidatos que infernizam as mentes e lhes ditam o que têm de dizer. É muito estudado.
As sondagens têm falhado. Que factores não estão a ser ponderados? Há um grupo grande de pessoas que podem mudar o sentido de voto no momento em que vão pegar na bic e fazer a cruz no papel: nos malandros ou pelo seguro, no “tenho medo”, ou no “isto até se está a endireitar”. Porque há os fiéis e os que decidem em cima da hora. Para esses, é como no supermercado, o que pesa na compra: a cor, o preço, minimizar o risco, Costa vai juntar-se ao PC? É uma decisão emocional.
Se tivesse de apostar? A coligação só ganha se continuar viva a “hidra” da maioria silenciosa. Quem está a ir a eleições não é este governo, é outro. Era bom que os partidos indicassem as equipas governamentais. O que está em jogo não é o passado, é o futuro. Estão em causa três coisas: o projecto, o líder e a equipa que o vai implementar. A coligação não é entusiasmante, quer continuar a gerir a casa, e isso é bom para velhos, não para novos. O PS é mais entusiasmante, diz que vai mudar, e isso é bom para quem está desconfortável. Mas os velhos pensam, “se mudar, vão escangalhar isto tudo outra vez”. O que falta na coligação é dizer o que vai projectar.