Roma não pagava


O povo foi traído; pelo menos Roma não pagava a traidores.


© Francois Walschaerts/AP

Alexis Tsipras conquistou o poder grego, em Janeiro deste ano, prometendo expulsar a troika da Grécia, reverter as políticas de austeridade, aumentar a despesa pública, subir salários e pensões e, qual cereja em cima do bolo, humilhar os credores, com a Alemanha à cabeça, cujo nacionalismo e xenofobia seriam expostos perante o mundo.

No caminho foi tropeçando. Primeiro, num verdadeiro jogo do gato e do rato, não foi sério com os seus parceiros comunitários, vendo-os como meros fornecedores de dinheiro. Foi protelando as negociações numa táctica igual à de qualquer mau pagador. Encurralado, atirou para o povo grego a decisão final. Este, em referendo, apoiou-o, votando contra o acordo proposto pela Comissão Europeia, o FMI e o Eurogrupo.

No dia seguinte, Tsipras traiu os gregos, aceitando aquilo que estes, a seu pedido, recusaram. O gesto foi de tal forma evidente que os seus apoiantes portugueses ficaram atordoados. Levaram tempo a reagir, e quando o fizeram, já a frio, aceitaram o seu comportamento. Sendo a primeira vez que um partido de extrema-esquerda chegava ao poder na União Europeia era preciso aguentar.

Em Setembro, o Syriza, que já não é o Syriza de Janeiro, venceu novamente e a esquerda portuguesa continua a navegar na onda. É preciso manter a postura; não dar parte fraca com as eleições à porta. Costa, eufórico com a vitória primeira do Syriza, não sabe o que fazer. Tudo serve, mesmo que não seja a mesma coisa. O povo foi traído; pelo menos Roma não pagava a traidores.  

Advogado
Escreve à quinta-feira

Roma não pagava


O povo foi traído; pelo menos Roma não pagava a traidores.


© Francois Walschaerts/AP

Alexis Tsipras conquistou o poder grego, em Janeiro deste ano, prometendo expulsar a troika da Grécia, reverter as políticas de austeridade, aumentar a despesa pública, subir salários e pensões e, qual cereja em cima do bolo, humilhar os credores, com a Alemanha à cabeça, cujo nacionalismo e xenofobia seriam expostos perante o mundo.

No caminho foi tropeçando. Primeiro, num verdadeiro jogo do gato e do rato, não foi sério com os seus parceiros comunitários, vendo-os como meros fornecedores de dinheiro. Foi protelando as negociações numa táctica igual à de qualquer mau pagador. Encurralado, atirou para o povo grego a decisão final. Este, em referendo, apoiou-o, votando contra o acordo proposto pela Comissão Europeia, o FMI e o Eurogrupo.

No dia seguinte, Tsipras traiu os gregos, aceitando aquilo que estes, a seu pedido, recusaram. O gesto foi de tal forma evidente que os seus apoiantes portugueses ficaram atordoados. Levaram tempo a reagir, e quando o fizeram, já a frio, aceitaram o seu comportamento. Sendo a primeira vez que um partido de extrema-esquerda chegava ao poder na União Europeia era preciso aguentar.

Em Setembro, o Syriza, que já não é o Syriza de Janeiro, venceu novamente e a esquerda portuguesa continua a navegar na onda. É preciso manter a postura; não dar parte fraca com as eleições à porta. Costa, eufórico com a vitória primeira do Syriza, não sabe o que fazer. Tudo serve, mesmo que não seja a mesma coisa. O povo foi traído; pelo menos Roma não pagava a traidores.  

Advogado
Escreve à quinta-feira