A vitória sobre a África do Sul no sábado fez aumentar os índices de confiança na comitiva japonesa. Eddie Jones, o seleccionador, foi o espelho desse estado de espírito na análise que fez durante a antevisão da partida da segunda jornada frente à Escócia. Além da alfinetada à imprensa especializada por estar a dar o favoritismo aos europeus, Jones fez também uma análise redutora aos jogos do adversário num passado recente. “Vemos o início do jogo com a Escócia como sendo super importante. Se olharmos para o registo deles nos últimos quinze jogos, percebemos que têm dificuldades para ganhar uma partida de râguebi se não construírem uma vantagem cedo no encontro”, atirou. E não resistiu a criticar a forma como os escoceses viram o Japão neste grupo: “É interessante relembrar que, antes do Mundial, a Escócia dizia que íamos abdicar de disputar o jogo com a África do Sul para nos prepararmos para a segunda jornada. Por isso, se realmente o fizemos, devemos estar frescos para fazer uma boa exibição agora.” O tiro de Eddie Jones saiu pela culatra.
A Escócia chegou a uma vantagem de 6-0 nos primeiros minutos, com duas penalidades convertidas por Greig Laidlaw, mas o Japão nunca os deixou descolar no marcador, até porque respondeu logo de seguida com um ensaio de Amanaki Mafi que Ayumu Goromaru converteu. Apesar disso, Laidlaw continuou a aproveitar penalidades e ao intervalo já tinha 12 pontos, com um 12-7 no marcador.
Se as afirmações de Eddie Jones se confirmassem, o segundo tempo poderia ser favorável aos nipónicos. Mas o que se passou foi radicalmente o oposto, apesar de Goromaru ainda ter colocado o resultado em 12-10. O que veio depois é que deixou os Cherry Blossoms vergados pela impotência de acompanhar o ritmo da Escócia enquanto os ensaios se sucediam: John Hardie aos 48’, Mark Bennett aos 56’ e 69’, Tommy Seymour aos 64’ e Finn Russell aos 74’. No final, o 45-10 não deixou dúvidas e comprovou duas coisas: a frescura física fez a diferença a favor da Escócia e a “pedrada no charco” do Japão pode ter ficado pela estreia com a África do Sul, o que também aumenta a curiosidade para saber o que os Springboks poderão fazer no sábado contra Samoa.
O discurso de Eddie Jones foi de derrotado, como se esperava. “Ao intervalo pensei que podíamos ter uma verdadeira possibilidade de ganhar o jogo. Mas quando eles entraram na nossa área de 22 metros, marcaram. Quando fomos nós, não conseguimos ser suficientemente eficazes. Eles jogaram mesmo muito bem, foram demasiado bons para nós”, apontou, esclarecendo que o próprio Japão não esteve ao seu nível: “Não fomos suficientemente bons.”
Bónus de diferença A jornada de quarta-feira ficou marcada pela estreia da Austrália. Contra as Fiji, em Cardiff, os Wallabies tiveram sempre o jogo controlado mas a vitória (28-13) não permitiu alcançar o ponto de bónus ofensivo atribuído às selecções que consigam pelo menos quatro ensaios. David Pocock abriu o caminho com dois, num intervalo de quatro minutos na primeira parte, e Sekope Kepu deixou tudo mais perto com o terceiro aos 43 minutos, mas depois houve 37 minutos sem nenhum. Contra as Fiji, a rival Inglaterra conseguiu o bónus.
No último jogo do dia, a França bateu confortavelmente a Roménia (38-11).