Nasceu na soalheira Califórnia, mas foi durante umas férias no México, aos quatro anos, que Courtney apanhou a sua primeira onda. Quinze anos depois estava entre a elite mundial do surf feminino. A norte-americana já subiu a fasquia e agora aponta ao título mundial. Nunca esteve tão perto como agora. Quando iniciou a prova em Trestles, na sua Califórnia natal, liderava o ranking. Só que Carissa Moore venceu e Courtney chega a Portugal em segundo lugar, num ano em que já venceu em Margaret River (Austrália) e no Rio de Janeiro.
O Cascais Women’s Pro voltou a ser adiado por falta de ondas. Mas fora de água, as histórias das protagonistas merecem ser contadas. Courtney, 23 anos, é uma apaixonada pelas ondas grandes. Pediu à World Surf League para Fiji ser incluída no circuito e isso acabou por acontecer em 2014. “Foi fantástico surfar nas Fiji. O ano passado tive azar, fiquei de fora por lesão. Este ano aleijei-me antes do início, por isso tive de surfar lesionada. Aquelas ondas são maravilhosas e ter a possibilidade de lá estar foi muito bom. É óptimo termos esta variedade no World Tour”, diz ao i a jovem norte-americana. Ainda não teve oportunidade de experimentar o poder do canhão da Nazaré, mas garante que um dia irá lá surfar, assim como em Mavericks (na Califórnia, e um dos picos mais conhecidos para ondas grandes). Não se vêem muitas mulheres a entrar na água com 10 metros de ondulação. O que é necessário? “Para surfares ondas grandes precisas de conhecimento e empenho. Não podes hesitar ou duvidar de ti, tens de ser sensato. Não podes cometer erros, tens de calcular bem as coisas, isso é crucial no big wave surfing.”
Seja em Carcavelos ou no Guincho, Courtney quer recuperar o n.o 1 perdido nos EUA. “Obviamente, quero ganhar, mas há muito trabalho pela frente. Foi uma pena ter perdido a liderança, mas não me importo de vir em segundo. Vai ser uma experiência de aprendizagem, nunca tinha estado nestes lugares, estou ainda a tentar perceber as coisas.” Por vezes, os resultados parecem pouco importar para quem tem a sorte de trabalhar no melhor escritório do mundo, o oceano: “O surf é a minha vida, é tudo o que faço, respiro. É o meu estilo de vida, o que o meu pai me ensinou. Tenho um amor enorme por este desporto.”
Conlogue tem também uma veia artística, que dedica à pintura ou à cerâmica. “É difícil arranjar tempo e ter material para pintar durante o circuito, já viajo com um montão de pranchas!”, conta. Quando regressa a casa, fecha–se. Mas em viagem tenta aproveitar a criatividade que vai surgindo. “Tenho sempre um caderno onde vou fazendo alguns esboços, tento apontar algumas ideias e levá-las para casa. Sempre que tenho oportunidade, vou para o meu estúdio, onde me perco com as telas.” Assim que o mar deixar, Conlogue estará a pincelar as ondas da Linha de Cascais com o seu talento.