Alejo Muniz. “A vitória do Gabriel no ano passado deu esperança a muitos brasileiros”

Alejo Muniz. “A vitória do Gabriel no ano passado deu esperança a muitos brasileiros”


No Sata Azores Pro, o surfista brasileiro fala sobre as dificuldades de correr o circuito de qualificação e de como o título mundial de Medina mudou as coisas.


Alejo e Santiago Muniz. Um é brasileiro, o outro argentino. Se fosse no futebol, isto não correria bem. Mas os irmãos são surfistas e a boa onda é geral. Competem juntos no circuito de qualificação (QS) e estão nos Açores, oportunidade que aproveitámos para conversar com Alejo por telefone. O brasileiro já correu o circuito mundial (CT). Perdeu a vaga para este ano, mas em 2016 já estará novamente na elite. Vai continuar por cá até ao fim de Outubro, para competir em Cascais e Supertubos.

Como é viajar e competir com o teu irmão?
O meu irmão é a melhor companhia que podia ter, porque é surfista profissional também e está a tentar a qualificação este ano. Tentamos puxar um pelo outro, pensamos da mesma maneira e acabamos por nos ajudar bastante. Passamos uma energia um para o outro que faz a diferença: normalmente, quando um está bem no campeonato, o outro também está.

Há muita rivalidade devido às vossas nacionalidades?
No Brasil há muita rivalidade com a Argentina por causa do futebol e isso acaba por passar para outros desportos. Por algum motivo, nós não temos isso. Eu nasci na Argentina, mas naturalizei-me, então nós acabamos por torcer pelos dois países.

Já correste no QS e no CT. Quais são as principais diferenças?
O QS é uma maratona e é muito cansativo, cada etapa é num continente. As datas já estão marcadas e não se espera pelo swell ou por melhores condições, como no CT, onde às vezes temos tempo de treinar. No circuito de qualificação chegas, a bateria está marcada para aquele dia e tens de te virar e dar o teu melhor. É muito complicado porque tens de estar preparado para todas as condições, todos os lugares. E são muitas etapas, é preciso ter a cabeça forte para manter o mesmo ritmo durante o ano inteiro.

Como tens acompanhado a “brazilian storm” na elite mundial? 
Torço muito por eles e aprendo ao vê--los. A garra que colocam e a forma como surfam cada bateria são inspiradoras. O mundo espera que os caras que estão no topo e já foram campeões os vençam, mas eles chegam lá e fazem o contrário. Isso dá força para quem está no QS, ver que é possível chegar lá e vencer esses caras. O Adriano [de Souza] e o Filipe [Toledo] estão a sair-se muito bem, e a vitória do Gabriel [Medina] no ano passado deu esperança a muitos brasileiros do QS. Acho que ainda vão entrar muitos no CT devido aos que lá estão agora.

Como é competir em Portugal?
O QS é longo, ter etapas em Portugal é como se estivéssemos praticamente em casa. É a mesma comida, a mesma língua… Acho que além de estarmos a competir, renovamos as energias para os próximos campeonatos. Para os brasileiros são eventos muito importantes, principalmente para quem está no QS, porque são logo dois Primes e está a chegar o fim do ano. Aqui temos ondas parecidas com o Brasil e isso pode fazer a diferença para os brasileiros no ranking.