Sporting. Montero furou a pedra dura do Nacional

Sporting. Montero furou a pedra dura do Nacional


Leões jogaram contra dez desde os 32 minutos e só conseguiram desbloquear o nulo aos 86 minutos.


Foram precisos vinte remates para o Sporting conseguir bater a baliza de Rui Silva. Um golo de Montero aos 86 minutos, ao mesmo de André André no clássico, foi o suficiente para os leões imitarem os dragões e voltarem à liderança partilhada com o FC Porto no campeonato. Mesmo a jogar contra dez desde os 32 minutos, o Sporting teve muitas dificuldades para ultrapassar a muralha do Nacional e somar a terceira vitória consecutiva no campeonato. A fazer lembrar a célebre expressão de que água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

“Tomei opções de plena consciência. E se me perguntasse se fazia a mesma coisa agora, digo-lhe que fazia. Eu sei quais são os objectivos”, garantiu Jorge Jesus no final do jogo com o Lokomotiv Moscovo na quinta-feira. Aí, além da ausência de Carrillo, a equipa tinha aparecido com várias alterações em relação ao último jogo do campeonato, contra o Rio Ave. Por isso, e se a grande prioridade é mesmo o título nacional, não foi de espantar que o técnico tenha voltado a promover várias mudanças, afastando-se do jogo com os moscovitas e reaproximando-se à versão doméstica. O peruano continuou de fora – nem convocado foi – e Gelson Martins surgiu na sua posição. De resto, Esgaio, Naldo, Bryan Ruiz e Slimani regressaram e João Mário surgiu no lugar que pertenceu a Aquilani na última semana.

Era com esses que Jorge Jesus ia à procura da primeira vitória caseira para o campeonato e a quarta no campeonato, de forma a garantir que o FC Porto não se isolava na frente e que o Benfica passava a ficar a quatro pontos de diferença. Do outro lado, o Nacional até tinha o bicampeão nacional na mira, uma vez que o triunfo faria com que igualasse Benfica, Sp. Braga e Estoril na terceira posição com nove pontos.

O Sporting entrou com vontade de começar a resolver o jogo cedo e assumiu o controlo da bola. Mas faltava velocidade para fazer a diferença. Gelson Martins é o principal desequilibrador nato dos leões na ausência de Carrillo e tentava fazer a diferença com a bola no pé e diagonais sem bola, mas o Nacional aparecia fechado e aproveitando a falta de ritmo do adversário. Aos 15 minutos, Slimani serviu bem o flanqueador mas o remate saiu cruzado e ao lado da baliza.

O Nacional mostrou que não estava em Alvalade só para ver jogar e fazia questão de importunar Rui Patrício quando conseguia – menos vezes do que desejava. E, quando aos 32 minutos Sequeira foi expulso por acumulação de amarelos (forçados), tudo ficou mais complicado para a equipa de Manuel Machado. Mas nem por isso fácil para os leões.

Os desequilíbrios continuaram sem surgir. Adrien e João Mário tentaram acordar o carrossel no meio-campo, mas só de fora da área é que Rui Silva foi ameaçado, à conta de um remate venenoso de Jefferson que o guarda-redes afastou para canto. Pelo meio, os leões queixaram-se de duas grandes penalidades cometidas por Zainadine. Na primeira, o central chegou tarde à bola num lance com Bryan Ruiz e na segunda acabou por desviar a bola com o pulso depois de um cabeceamento próximo de Slimani.

O nulo ao intervalo era preocupante. Pela terceira vez esta temporada – a segunda consecutiva – o Sporting chegava ao tempo de descanso sem golos marcados e nem as estatísticas do encontro serviam de incentivo moral, apesar dos 62% de posse de bola e dos oito remates contra quatro do Nacional. Era preciso fazer muito mais de tudo na segunda parte.

A segunda parte agudizou a tendência do jogo. O Nacional deixou de rematar, recuou e viu o Sporting procurar todos os caminhos para chegar ao golo. Bryan Ruiz avisou de cabeça logo aos 41 segundos e a partir daí os remates foram surgindo, uns atrás dos outros. Os caminhos estavam fechados e Jorge Jesus não alterou o sistema em campo, optando por refrescar posições, com Montero em vez de Teo, Mané em vez de Ruiz e André Martins em vez de João Mário.

As substituições surtiram efeito e desenharam o lance do golo único, aos 86 minutos. Montero recolheu a bola no lado esquerdo, lançou Mané dentro da área e correu para receber e rematar colocado ao poste mais distante, derrubando finalmente a resistência de Rui Silva, cada vez mais estóica.

O Nacional acusou o desgaste e até ao final do jogo só conseguiu chegar à frente uma vez. Num livre directo, Bonilha atirou contra a barreira.

Esta é a primeira vez que o Sporting não sofre golos no campeonato e apenas a segunda vez na época, depois do 1-0 ao Benfica na Supertaça. O Sporting igualou o FC Porto na liderança do campeonato com 13 pontos e tem agora quatro de vantagem sobre os encarnados.