As primeiras projecções após o fecho das urnas na Grécia apontam para uma vitória de Alexis Tsipras, com várias projecções televisivas a apontarem para uma votação entre 30-35% no Syriza e 28,5% a 32,5% para Nova Democracia. Fonte oficial da ND já comentou que estas projecções não são resultados oficiais pelo que "o partido vai esperar pela projecção oficial". Por outro lado, Nikos Pappas, nº2 de Tsipras, veio já a público repetir que não há qualquer hipótese do Syriza coligar-se com a ND.
Estas sondagens devem ainda ser olhadas com alguma cautela, pois o histórico destes inquéritos, o baixo nível de participação e a incerteza sobre o sentido de voto de muitos eleitores aconselha prudência. A projecção oficial só deverá ser conhecida por volta das 19h.
Segundo as sondagens à boca das urnas, que estiveram em 75% dos locais de voto, o Syriza terá entre 30-35%, com a Nova Democracia a surgir com 28,5% a 32,5%. Já To Potami e Pasok, os partidos mais prováveis de serem chamados para a coligação de governo, deverão ficar entre 4% – 5,5% e 5,5% – 7%, respectivamente. Também os Gregos Independentes (ANEL) devem conseguir uma votação suficiente para entrar no parlamento e, no caso de vitória de Tsipras, também no governo. O ANEL foi parceiro de coligação do Syriza no anterior executivo.
A sondagem feita pela MRB/Alco aponta para 30-34% para o Syriza contra 28,5-32,5% da ND. Já a Universidade da Macedónia aponta para 31-35% para o Syriza e 29% a 31% para Nova Democracia. Quando à projecção apresentada pela SKAI, o mesmo sentido: 31-35% para Tsipras, 29-33% para Meimarakis.
Já a extrema-direita deverá manter ou até subir um pouco nas urnas, com os 6%-8% projectados para a Aurora Dourada a apontar para uma votação superior à de Janeiro (6,28%).
A abstenção foi no entanto a opção verdadeiramente vencedora nas eleições de hoje, que ficam marcadas por uma das mais baixas taxas de participação na história da Grécia desde a II Guerra Mundial. Em 1946, registou-se uma participação de apenas 53% numas eleições marcadas pelo boicote de toda a esquerda às mesmas em protesto contra a violência que os partidos de direita exerceram durante a campanha.
Além do partido vencedor, conta analisar as votações dos partidos mais pequenos, já que estes podem ser cruciais para que o novo governo tenha a maioria dos lugares no parlamento. O objectivo teórico de todos os partidos pro-resgate é conseguir um governo maioritário e estável para avançar com as medidas exigidas por Bruxelas.
O eventual atraso na formação de um governo maioritário pode significar atrasos na implementação de medidas já aprovadas por Bruxelas e "aceites" pelo parlamento grego. E quando a Grécia – e o FMI, analistas, comentadores, economistas e prémios Nobel – procuram que os credores aceitem renegociar a dívida, atrasos é a última coisa que se quer.
No campo dos partidos pequenos, a Aurora Dourada, de extrema-direita, é um dos que pode sair mais beneficiada com uma abstenção elevada, já que tem um eleitorado muito fiel, ocorrendo o mesmo com os comunistas do KKE. Apesar de terem surgido em terceiro e quarto nas sondagens durante a campanha, Aurora Dourada e o KKE são contra o resgate, pelo que estão de fora do jogo de coligações.
É assim importante olhar para os resultados que se antecipam para os socialistas do Pasok e para o partido mais ao centro, o To Potami, mas também para o ANEL (Gregos Independentes), partido de direita conservadora mas que esteve no governo com Tsipras e o Syriza.