FC Porto. A cadeira de sonho de André… André

FC Porto. A cadeira de sonho de André… André


Primeira vitória do FCP de Lopetegui sobre o Benfica (1-0).


Será que os genes de campeão passam de geração em geração? No futebol é um-do-li-tá, ou seja, nem todos os filhos de craques se tornam bons jogadores. No caso da família André, a dúvida (se ainda existia) parece ter ficado desfeita. O médio que resolveu o clássico no Dragão é filho de António André, também ele médio, que vestiu a camisola do FC Porto durante 11 épocas e venceu sete títulos de campeão nacional. André André começou a época no banco mas Lopetegui não demorou muito a perceber que era um erro. O camisola 20 tem sido o melhor no meio campo portista e ontem confirmou-o no primeiro jogo grande da época, ao lado de Imbula – ­um custou 1,5 milhões, o outro 20 milhões.

A sua grande exibição foi premiada com o único golo do clássico, aos 86 minutos (Varela merece quase tantos elogios, pois o seu passe de morte para o colega é de génio). André André fez sete anos como profissional antes do FC Porto decidir contratá-lo. Em apenas meia dúzia de jogos, quem não o conheça diria que ali joga há muito tempo. Tal como o pai, esta é a sua casa. Como outro André disse não há muito tempo, para este André estar no FC Porto é seguramente a sua cadeira de sonho.

À terceira tentativa, os dragões de Julen Lopetegui conseguiram finalmente bater o rival Benfica. Como há males que vêm por bem, o treinador espanhol conseguiu aproveitar a derrota no Dragão, na época passada (2-0), para dar a volta por cima. O Benfica arrancou aí para o bicampeonato, mas o FCP aprendeu a lição. Já vão 13 jogos seguidos sem sofrer um único golo em casa, desde o bis de Lima em Dezembro de 2014. O triunfo isola os azuis-e-brancos na liderança (o Sporting só joga hoje, vs. Nacional) e deixa as águias a quatro pontos do primeiro lugar.
 
Grande Casillas Tal como se esperava, o clássico foi de intensidade máxima. Quase sempre bem disputado, embora algumas picardias pudessem ser evitadas, viu-se já um futebol de grande nível em ambas as equipas, embora ainda estejamos na quinta jornada. No caso do FC Porto, se olharmos para o onze, apenas três futebolistas eram titulares na época passada. Os dragões entraram melhor na partida, mas rapidamente o rival anulou esse domínio. O Benfica acabou por ser o melhor na primeira parte e só duas grandes defesas de Casillas, ambas na sequência de cantos, evitaram que o FCP saísse a perder para o intervalo.

Se comparássemos este Benfica com aquele que entrou em campo contra o Sporting, na Supertaça, não parecia estarmos a falar da mesma equipa. O que só confirma que Rui Vitória teve de fazer a pré-época em plena competição.

As águias entraram no Dragão a discutir o jogo, com André Almeida (tinha zero minutos até esta jornada) a jogar perto de Samaris. Mas o treinador do Benfica não abdicou de jogar com dois avançados. Jonas e Mitroglou caíam em cima da primeira fase de construção do FC Porto, obrigando os dragões a bater na frente (Maicon abusou dessa opção); já se sabe que a equipa de Lopetegui gosta de jogar com a bola no pé, e essa foi a primeira vitória das águias. Amarrado, o dragão demorou a conseguir soltar-se.
 
Alterações decisivas Lopetegui aproveitou o intervalo para serenar a equipa e o FCP voltou em grande para a segunda parte. Quando fez a primeira alteração (acertou em cheio, ao colocar Varela, aos 62’), a equipa portista já encostava cada vez mais o Benfica na retaguarda. Aboubakar acertou na barra aos 48’ e quase marcou, isolado por um passe fantástico de A. André, aos 54’.

À excepção de um cabeceamento de Mitroglou, Casillas não teve preocupações. A batata quente passava para Júlio César, que agora via a bola rondar demasiadas vezes a sua baliza. Rui Vitória deu o sinal a partir do banco que o 0-0 era para defender, com as entradas de Talisca por Jonas e Pizzi por G. Guedes. Tal como JJ com Roderick em 2013, o tiro saiu ao lado. O FC Porto conseguiu marcar e obter um triunfo que justificou pelo rendimento na etapa complementar. Quando Jiménez entrou nas águias, já pouco havia a fazer para apagar o 1-0 do marcador.

Se o FCP conseguir manter a fortaleza no Dragão (1205 minutos sem sofrer golos), o desfecho da Liga pode ser diferente desta vez. Quanto a Rui Vitória, terá de conseguir controlar os altos e baixos da equipa, que tão depressa goleia como perde. O técnico português encontrou outra exigência na Luz e voltou a sair derrotado no segundo confronto em jogos grandes (o primeiro foi com o Sporting, na Supertaça). Mais outro ponto a ter em atenção caso queira continuar a sonhar com o tri.