© Jose Sena Goulao/Lusa
Antes de a campanha ter começado, já temos campanha para dar e vender. O que não deixa de ser estranho. Não se percebe muito bem o que é isso de “campanha eleitoral” oficial, quando esta acontece há uns bons dois ou três meses antes da data prevista para o seu início. Peculiaridades certamente deste nosso tempo que vive do espetáculo.
Mas, falando do que já se viu e ouviu, há confirmações e revelações que vale a pena assinalar. Passos Coelho como repetidor de cassete, de cerimónia em cerimónia, falando para os seguidores é uma coisa, como elemento integrante num debate, é uma desilusão. Inseguro, crispado, só convence quem já está convencido.
O mesmo se não dirá de Paulo Portas que, goste-se ou não, sabe falar para uma multidão e também debater com graça. Obviamente que defende por vezes o indefensável, mas “sempre com o sorriso”. Como diria Carlos César, por isso anda sempre a sorrir.
O PS de António Costa já foi uma desilusão e agora arrebitou bastante. Ganhou um novo fôlego e não se sabe até onde poderá ir. Mas a verdade é que os partidos “do arco da governação” (para só falar nestes) acobertam muita gente que não merece crédito.
Costa deveria promover uma limpeza nalguns quadros e barões para credibilizar o partido. Maus elementos há em todo o lado mas, de quando em vez, uma barrela só dignifica.
Surpreendente tem sido o BE. Parece outro partido, com Catarina Martins e Mariana Mortágua a distribuírem intervenções inteligentes, bem documentadas e estruturadas, sem radicalismos desajustados. Além disso, oferecem uma imagem desempoeirada, moderna, alegre, contagiante. Ou me engano muito ou tudo isso se vai refletir nos resultados das eleições do dia 5.
Jerónimo de Sousa, por seu turno, mantém-se igual a si próprio, para o melhor e para o pior.
Muito curiosa a reação às palavras de D. Januário Torgal Ferreira, que verberou fortemente os últimos quatro anos de governação. Quando o clero incita ao voto nas forças mais reacionárias ninguém comenta, nem acusa os padres de estarem a subir além da chinela.
Quando, nas missas dominicais, indicam em quem “as ovelhas” devem votar, não vem mal ao mundo. Mas se um bispo, como um qualquer cidadão comum, dá a sua opinião e belisca esta governação, dita sem “sensibilidade social”, aí sim, aí que del rey!
Uma boa surpresa, esta tomada de posição de D. Januário. Muito na linha do Papa Francisco, esse sacrílego que não se cansa de tomar posições políticas e sociais.
Escreve à sexta-feira