As sondagens sobre as eleições de domingo continuam a transmitir sinais contraditórios sobre as intenções de voto dos eleitores gregos, ainda que coincidam na expectativa de que vai ser uma corrida até ao último voto.
Nos últimos três inquéritos publicados na Grécia, dois dão vitória à Nova Democracia de Evangelos Meimarakis e um dá o Syriza de Alexis Tsipras como vencedor. Já quanto aos indecisos, não há forma de estabilizar: uma sondagem fala em 7% outra em 15% de eleitores que ainda não sabem em quem votar.
O inquérito da Pulse de ontem, realizado na segunda e terça-feira, reflectiu já alguns efeitos do frente a frente entre Tsipras e Meimarakis, na segunda-feira à noite. Esta sondagem identifica 7% de indecisos e aponta para 28% de intenções de voto no Syriza e 28,5% para Nova Democracia. Também ontem, a ProRata publicava um inquérito de sentido oposto: 15% de indecisos, 28% de intenções para o Syriza e 24% para a Nova Democracia – a ProRata tem sido a responsável pelas sondagens onde a diferença entre os dois partidos é a maior, e sempre com vantagem para o Syriza.
Tanto nas legislativas de Janeiro como no referendo de Julho, as sondagens da semana anterior à ida às urnas falharam as previsões por mais do que as habituais margens de erro assumidas pelas empresas.
Syriza perdeu jovens Além das intenções de voto, a multiplicação de inquéritos aos eleitores tem servido para perceber outro tipo de movimentos ou justificações para as quedas dos eleitores do Syriza e de Tsipras nos índices de popularidade.
Se há duas semanas a Juventude do Syriza anunciou que não apoia o próprio partido nas eleições, agora uma sondagem tentou avaliar se o afastamento era idêntico entre a juventude grega. Aparentemente sim: um inquérito realizado pelo jornal “Ethnos” mostrou que apenas 18,6% dos eleitores com 18 a 34 anos planeia votar em Tsipras, valor que compara com os 30% que o Syriza conseguiu nesta franja em Janeiro. Além disso, 7% dos jovens não vão votar e 14% dizem-se indecisos.
Parceiros Enquanto se questiona qual o partido que irá vencer as eleições, os pequenos partidos pro-resgate vão-se alinhando como possíveis parceiros do futuro governo – nenhuma sondagem antecipa uma maioria de um só partido. Os socialistas do Pasok, o partido de centro Potami e a União Centrista, de centro-direita, são os que vão estar a “leilão” logo a 20 de Setembro. E provavelmente serão precisos dois para o futuro líder do país tenha atrás de si uma maioria parlamentar.
“O dilema que se apresenta aos eleitores é se ‘recuamos ou avançamos com o Potami’”, defendeu ontem Stavros Theodorakis, líder do Potami, partido que definiu como objectivo para as eleições obter um número suficiente de deputados para participar no futuro governo. “Se ficarmos aquém de Janeiro [6%], então teremos um problema”, explicou sobre o futuro do partido, ditando então como objectivo ter “10% dos votos”. “Se não tivermos dimensão, não podemos atacar os monstros. Por isso precisamos de 30 deputados.” De notar que as sondagens não têm atribuído mais de 5-6% de intenções de voto ao Potami – perto de 16 lugares no parlamento.
De acordo com os resultados que os inquéritos vão mostrando, será necessário que um partido pro-resgate consiga pelo menos 7% dos votos para que os seus deputados, em conjunto com os 50 lugares extra entregues ao vencedor das eleições, consigam assegurar uma coligação maioritária com um só aliado – como ocorreu em Janeiro entre Syriza e ANEL.