O PCP sempre  foi mais fracturante nas questões económicas

O PCP sempre foi mais fracturante nas questões económicas


Toda a sociedade era homofóbica até há muito pouco tempo. O processo no PCP também demorou.


Presidenciais de 1996. Os candidatos Cavaco Silva, Jorge Sampaio e Jerónimo de Sousa debatem na televisão. Jerónimo está a ganhar claramente o debate, fazendo as despesas do combate a Cavaco Silva e deixando a Jorge Sampaio, a favor do qual desistiria antes das eleições, um papel mais moderado e de potencial “chefe de Estado”. Até que a jornalista faz uma pergunta difícil a Jerónimo: “O que pensa da homossexualidade?” A euforia e eficácia de Jerónimo desvanece-se. Balbucia qualquer coisa como “o partido ainda não se pronunciou”.

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A propósito disto, Herman José faria uma das rábulas da sua vida, caricaturando Jerónimo como uma cassete que se avaria quando o tema é a homossexualidade. O PCP não estava particularmente sozinho nesse incómodo: a sociedade portuguesa, na época, ainda estava muito longe de conviver sem preconceitos com as relações homossexuais. Quando, em 2005, o governo PS decide avançar para a legalização do casamento gay, a posição do PCP não foi entusiástica. Apesar de se revelar contra a discriminação, Jerónimo de Sousa afirmou, na altura, que haveria outras prioridades para o país. 

Depois de se ter convertido ao apoio ao casamento gay, o PCP demorou a apoiar a adopção gay, o que só fez recentemente. No comunicado que na segunda–feira produziu, o PCP considerou as notícias “difamatórias”. “O que não podemos permitir é que, entre outras acusações que igualmente refutamos, se insista na difamação de atribuir ao PCP uma postura homofóbica, procurando na base da falsidade instalar a dúvida e a crítica sobre o posicionamento do PCP em torno desta matéria.”