Novo Banco. Venda passa da “recta final” para a casa de partida

Novo Banco. Venda passa da “recta final” para a casa de partida


Administração de Stock da Cunha com poderes reforçados vai preparar plano estratégico para valorizar banco.


Em Maio, a venda do Novo Banco estava “na recta final”, garantia Carlos Costa perante os deputados no parlamento. Ontem voltou tudo à casa de partida: o procedimento foi cancelado e o Banco de Portugal (BdP) admite até pedir uma prorrogação do prazo de manutenção do banco de transição, podendo vir a optar por vendê-lo de modo faseado

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Depois de várias semanas em que era dado como quase certo que o Novo Banco iria pertencer a um dos concorrentes chineses – Anbang ou Fosun –, a notícia caiu como uma bomba. Mas o BdP justifica: havia demasiados factores de incerteza a condicionar a venda. Além disso, as propostas em cima da mesa não eram, afinal, tão boas como pareciam.
Por factores de incerteza, o BdP entende a possível necessidade de reforço de fundos próprios do Novo Banco, algo que deverá ser conhecido entre Outubro e Novembro, quando forem tornados públicos os resultados dos testes de stresse a que o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha está a ser sujeito por parte das autoridades europeias. A essa incerteza – que terá pesado significativamente nas ofertas, segundo fontes próximas do processo – juntou-se a actual turbulência do mercado chinês e a crise grega que, segundo o supervisor, também não ajudaram a acalmar os receios do mercado. “Temos de obedecer ao princípio de realidade e ao princípio de verdade”, dizia Carlos Costa em Março deste ano no parlamento.E assim fez. A realidade gritou que não era boa altura para vender, sobretudo porque todas as propostas finais ficaram bastante aquém dos 4900 milhões de euros necessários para que a resolução não acarrete prejuízos para o Fundo de Resolução.

Por isso, o BdP decidiu parar o processo e afirma que um outro será iniciado “quando estiverem reunidas condições que melhor propiciem a obtenção de propostas mais condizentes com os objectivos” do supervisor. E pode trazer novidades, como a alienação parcial da instituição.

Mas como para vender bem é preciso valorizar, o BdP vai mandatar a administração de Stock da Cunha para apresentar um plano de reforço de fundos próprios que permita racionalizar e optimizar o capital. Que é como quem diz: encerramento de balcões e demissões podem estar em cima da mesa. Por agora, o certo é que a primeira tentativa de venda foi um falhanço – apesar de o BdP salientar que permitiu confirmar a “atractividade do Novo Banco”, pelo número de interessados.

Passos diz confiar no BdP Passos Coelho foi o primeiro a confirmar, ontem, que a venda do Novo Banco tinha sido cancelada. Na ocasião, o responsável afirmou confiar “na forma como o BdP está a proceder quanto à venda” da instituição e que cabe ao supervisor “avaliar as melhores condições e oportunidade para proceder à venda”.
Também durante o dia de ontem, Passos Coelho respondeu às críticas de António Costa sobre a resolução do BES, rejeitando qualquer comparação com o BPN. “Aqueles que nos criticam hoje foram os mesmos que nacionalizaram o BPN. Não me venham falar de Dias Loureiro, não fui eu neste governo nem o Dr. Paulo Portas que nacionalizámos o BPN e que tornámos os portugueses, todos eles, lesados do BPN”, rematou.