Riachos. Uma pesquisa na Wikipédia por esta vila no concelho de Torres Novas, com 5247 habitantes (contas de 2011), leva-nos a pontos de interesse como o Rancho Folclórico Os Camponeses de Riachos, a Sociedade Columbófila Riachense ou mesmo o Moto Clube Os Tesos do Ribatejo.
Não há qualquer menção a obras de street art, mas para isso teremos sempre o novo “Street Art Portugal”, um livro que reúne as principais obras de arte urbana do ano passado espalhadas por Portugal. “Riachos foi a maior surpresa para mim”, conta Nuno Seabra Lopes, da Zest, a editora responsável pelo livro. “Estávamos à procura de encontrar obras deste género em Lisboa ou no Porto, mas nunca numa aldeia perto do Entroncamento de que nenhum de nós tinha ouvido falar.”
Quem pôs Riachos no mapa da street art em Portugal e, consequentemente, no livro que chega às lojas esta semana, foi João Maurício, mais conhecido no meio por Violant. “O artista é de lá e levou para a terra alguns amigos que têm feito várias peças. É um fenómeno, há coisas muito giras por lá.”
“Street Art Portugal” é o primeiro álbum a reunir a arte urbana nacional de norte a sul – e até nos Açores, onde todos os anos acontece o festival de arte pública Walk & Talk. “Só na Madeira não encontrámos nada relevante”, sublinha Nuno.
Em Agosto do ano passado, a editora já tinha lançado “Street Art Lisbon – Vol. 1”, um guia das paredes da cidade que até incluía um mapa com a localização de perto de 200 obras. “Achámos que faria sentido fazer uma coisa a nível nacional que nos desse uma visão de Portugal inteiro, neste momento, e de como está a receber [a arte urbana] e de como se está a manifestar”, continua o editor.
Apesar deste novo livro, o projecto dedicado exclusivamente às paredes de Lisboa continua e o volume 2 será lançado “daqui a alguns meses”. “Em nenhum dos livros vamos repetir imagens”, garante Nuno, o que quer dizer que há muito por onde escolher.
A recolha das imagens foi feita durante“um período bastante alargado” e, em grande parte dos casos, teve a colaboração dos próprios artistas. “Contactámos os artistas, umas dezenas largas, e perguntámos o que tinham feito que valesse a pena em 2014, em Portugal, os seus melhores trabalhos”, explica Nuno.
A ideia do livro é mostrar que a arte urbana não está só concentrada em Lisboa e no Porto, mas já chegou a outras cidades, às vezes por causa de artistas residentes, outras graças aos festivais, “como o da Covilhã, o da Figueira da Foz, de Cascais ou dos Açores”.
Mr Dheo, Bordalo II, Vhils, Nomen, Tosco, Violant, Smile, Add Fuel, Tamara Alves e Vanessa Teodoro são alguns dos artistas presentes no livro, que também deverá ter uma continuidade anual.
“Street Art Portugal” custa 12 euros e parte das receitas vão“reverter a favor de projectos de street art”, diz Nuno. Um deles será o Lata 65, que teve esta semana destaque em publicações como o “Washington Post” ou o “Guardian”, e que ensina seniores a fazer stencils e a pintar paredes com spray. Talvez num “Street Art Portugal 2016” já possamos ver trabalhos de artistas com mais de 65 anos.