“Qualquer ajuda neste momento é bem-vinda e é positiva, não queremos menorizar a ajuda que será concedida aos produtores de leite nacionais porque a situação é muito grave (…), mas o envelope nacional é muito baixo”, disse Fernando Cardoso à Agência Lusa.
Portugal vai receber 4,8 milhões de euros de ajudas para apoiar o sector do leite e produtos lácteos, de um total de 420 milhões distribuídos por todos os Estados-membros, foi hoje divulgado em Bruxelas.
Nas contas da Fenalac, se este montante for dividido pelas cerca de 6 mil explorações existentes em Portugal, o valor da ajuda será de cerca de 800 euros por unidade produtiva, sendo que se o cálculo for feito em função do litro de leite produzido, o quantitativo será de 0,25 cêntimos por litro de leite, insuficiente, segundo Fernando Cardoso, para compensar a descida do preço do leite, que caiu de 33 para 28 cêntimos nos últimos doze meses.
“É uma relação muito desequilibrada”, comentou.
O dirigente da Fenalac questionou ainda a discrepância do pacote de ajudas atribuídas a Portugal face a Espanha.
“Nós temos uma ajuda de 4,8 milhões de euros, enquanto o nosso concorrente mais próximo, que é a Espanha recebeu uma ajuda cinco vezes superior, embora só produza três vezes mais”, frisou, apelando a que diferença seja compensada para não deixar Portugal em desvantagem face aos seus concorrentes.
Fernando Cardoso lançou ainda um alerta, face a “algumas pressões políticas para que haja algum tipo de discriminação regional”, sublinhando que os montantes são demasiado reduzidos para que sejam introduzidos “critérios regionais ou políticos” que desvirtuem a distribuição das ajudas.
“A crise atingiu os produtores de todo o país de forma transversal”, salientou.
Quanto às ajudas para a armazenagem privada de produtos lácteos, um mecanismo que está também incluído no pacote hoje anunciado pelo comissário europeu da Agricultura, Phil Hogan, Fernando Cardoso adiantou que a medida nunca foi solicitada pelos operadores nacionais, mas admitiu que pode “ser importante para aliviar alguma quantidade de produtos acabados no mercado europeu”, tendo efeitos positivos, ainda que indirectos, para Portugal.
Lusa