O debate desta segunda-feira à noite entre Alexis Tsipras e Evangelos Meimarakis, líderes do Syriza e da Nova Democracia (ND), partidos que as sondagens dão como praticamente empatados, foi mais aguerrido e tenso que a anterior ronda, que juntou sete líderes partidários. Desta feita, apenas Tsipras e Meimarakis se enfrentavam. Objectivo: convencer os 10-15% de indecisos identificados pelas sondagens.
Entre os temas que estiveram a debate, a corrupção no interior da Grécia e qual a melhor forma de conseguir convencer os credores a aceitar o alívio da dívida pública grega foram os mais vivos, relata o jornal grego "Ekathimerini". Também as futuras coligações de governo e os refugiados estiveram em cima da mesa.
Corrupção Alexis Tsipras acusou a Nova Democracia de nunca ter combatido a corrupção nos anos em que foi governo, acusação que Meimarakis pouco depois devolveu.
"O país avançou. Erros foram cometidos mas não é preciso mandar tudo abaixo. Não vamos aceitar lições sobre corrupção de um governo que nem uma lei contra a corrupção apresentou ao parlamento", reagiu, citado pela agência "ANA-MPA". Lembrou de seguida várias medidas do anterior executivo da ND contra a corrupção e a evasão fiscal. "E o que fez o Sr. Tsipras nos últimos seis meses? E porque não passou a lei sobre as licenças de media? Queria fazer chantagem", acusou.
Tsipras lembrou as duras negociações que o seu governo teve em Bruxelas, realçando a batalha para evitar cortes nas pensões e ter conseguido riscar a imposição de uma cláusula "défice-zero" nas contas da Segurança Social grega. Lembrou de seguida que os governos de Pasok e Nova Democracia foram buscar 25 mil milhões de euros aos fundos de pensões nos últimos anos.
Bloco central? Oxi! Outra questão em debate foi a formação do futuro governo grego, numa altura em que as sondagens dão um quase empate entre Syriza e ND e com ambos distantes da maioria – sondagens que no entanto falharam por alguns pontos tanto nas eleições de Janeiro como no referendo de Julho último.
Alexis Tsipras voltou a defender que acredita que no final das contas o Syriza conseguirá a maioria parlamentar sozinho mas que, caso contrário, está preparado para formar uma coligação "progressista". Riscou de imediato a aliança "contranatura" com a Nova Democracia. "Temos divergências radicais em vários tópicos", explicou, avançando que irá tentar "criar o consenso necessário para que surja um governo".
O líder do Syriza explicou que dia 21 de Setembro a Grécia ou terá "um governo progressista" ou um "governo conservador" mas nunca um misto. Apontou ainda acreditar que os Gregos Independentes, anterior parceiro de coligação do Syriza no governo, vão conseguir eleger deputados – ao contrário do que apontam as sondagens.
Já Meimarakis repetiu a ideia que tem vindo a defender ao longo da campanha: se ganhar vai procurar a cooperação. "Se temos um caminho comum podemos cooperar porque os gregos exigem uma equipa nacional, querem que colaboremos e criemos um novo plano para o país", disse. O líder da ND repetiu então desejar que o Syriza participe nesse governo.
Dívida e refugiados Sobre a dívida pública grega, Evangelos Meimarakis criticou o líder do Syriza por este insistir que a dívida é insustentável, isto porque a sustentabilidade da dívida é uma exigência dos credores para continuar o financiamento, defendeu.
O candidato do centro-direita criticou ainda as políticas de Tsipras por terem encorajado a vinda de mais refugiados para a Grécia. Neste tópico Tsipras lembrou que a crise da migração é "complexa" e condenou Meimarakis por recorrer por vezes à expressão "imigrantes ilegais" quando se refere aos refugiados de guerra.