Grécia. Crise transforma país no melhor investimento do mundo

Grécia. Crise transforma país no melhor investimento do mundo


De país fragilizado passou a ser uma aposta certa. A dívida grega garantiu o mais elevado retorno.


Não houve um activo, divisa ou cotada, em qualquer parte do mundo, cujo retorno se possa comparar àquele que a dívida helénica já rendeu a quem apostou nos títulos gregos desde o final do ano passado. Em menos de seis meses, a dívida grega valorizou mais de 100%, tendo atingido o seu mínimo histórico em Julho passado. No entanto, na última sexta-feira, a mesma dívida estabelecia um novo máximo histórico. 

Os dados, compilados pela agência Bloomberg, revelam que os vários vaticínios de analistas, investidores e empresários de todo o mundo estavam, portanto, errados. E que o país que esteve à beira de sair do euro antes do Verão fez várias pessoas ganharem muito dinheiro.

Não foi o que fez George Soros, o multimilionário americano conhecido pelos bons investimentos. Em Março passado, Soros dizia em entrevista que “a Grécia estava a ir pelo cano” e que investir no país era um “lose-lose game”, ou um jogo onde não seria possível ganhar. Mas, segundo as contas da Bloomberg, se Soros tivesse comprado dívida helénica nessa altura e se a tivesse mantido até ao final da semana passada, por exemplo, teria garantido um retorno de 21% no investimento.

Houve ainda quem conseguisse um melhor negócio: os investidores que não se importam de arriscar, e que compraram dívida naquela famosa semana de Julho em que o governo do Syriza rejeitou o acordo nos moldes que a Europa apresentou, fizeram o negócio do século. 

Em apenas dois meses, o retorno de títulos de dívida pública grega foi de 101% – é certo que nessa altura os juros sobre a dívida helénica estavam quase nos 20%, mas para quem decidiu não acreditar na possibilidade de a Grécia sair da União Europeia foi uma aposta mais do que certeira. Que é como quem diz: há, efectivamente, sempre alguém que ganha com a instabilidade e com as dificuldades alheias.

Eleições Ontem à noite decorreu o frente-a-frente entre Tsipras e Meimarakis, com ambos os líderes partidários a procurarem convencer os muitos eleitores ainda indecisos, a poucos dias das eleições de domingo. As próximas sondagens mostrarão se e quem teve mais sucesso a atrair eleitores. 

Evangelis Meimarakis, líder da ND, assegurou este fim-de--semana que iria ser o futuro primeiro-ministro grego, tendo feito mesmo um convite a Tsipras para participar no futuro governo, como vice. Com as sondagens a mostrar intenções de voto muito próximas entre a Nova Democracia e o Syriza, e com este último relutante em convidar a NDou em aceitar o convite da mesma, em caso de vitória ou derrota, os holofotes no domingo à noite vão estar também focados nas votações que os partidos mais pequenos conseguirão. Se Aurora Dourada e o Partido Comunista não entram nestas contas – são contra o resgate –, sobram PASOK, To Potami e União Centrista como prováveis aliados do próximo governo.