No evento Dogs and the City, donos e animais vão poder aprender a viver na cidade sem puxões, arrastões ou olhares reprovadores.
Na Bélgica, é tão natural inscrever o cão numa escola de treino como matricular os filhos na escola. Na Suíça, não só é um hábito como uma obrigação: todos os cães têm de aprender a viver na cidade, através de treinos com profissionais. “Nesse aspecto, Portugal está ainda muito longe da Europa”, admite Mónica Santos, fundadora da Future Dogs, uma empresa com várias vertentes, sempre direccionadas para o mundo canino: hotel, escola de treino, petshop e aconselhamento comportamental.
A vontade de Mónica de aproximar Portugal do que acontece noutros países europeus levou-a a criar o Dogs and the City, um evento que vai já na segunda edição e que pretende sensibilizar a sociedade para a necessidade de criar melhores condições para que os cães vivam de forma harmoniosa na cidade. Para a responsável, os donos de animais em Portugal têm mais gastos do que proveito. “São obrigados a pagar a licença à junta de freguesia e a ter os animais vacinados, mas depois, por outro lado, não podem abater essas despesas no IRS e não podem entrar com os animais em lado nenhum”, refere.
Mónica realça que, além da necessidade de treinar os animais a viver em sociedade, também os donos têm de aprender a respeitar as regras. “É obrigatório, por exemplo, andar com o cão pela trela na rua, mas todos sabemos que isso não é 100% cumprido e por uns pagam os outros.” Mónica defende ainda que só quando os donos e animais provarem, através dos seus comportamentos, que têm condições para viver em comunidade é que as leis podem mudar. “Eu quero poder entrar num café, restaurante ou loja sem ter de deixar o cão à porta”, admite, “mas para isso é preciso que haja uma mudança generalizada de atitudes e que se prove que temos cães educados.”
Assim, no próximo domingo, no Jardim Vasco da Gama, em Belém, donos e cães estão convidados a participar gratuitamente em diversas actividades, tanto de lazer como educacionais. Piscina de água e bolas, aulas de obediência, desparasitação, aconselhamento nutricional e demonstrações de agilidade são algumas das actividades disponíveis, num dia que conta até com aulas de zumba em que os donos podem participar, levando o cão pela trela.
O evento do ano passado contou com a presença de 400 animais e 3 mil pessoas, números que a organização espera superar este ano. É que este “é um evento familiar”, lembra Mónica Santos.