Todas as crianças nascidas este ano vão fazer vacina BCG

Todas as crianças nascidas este ano vão fazer vacina BCG


Vacina pode deixar de fazer parte do Programa Nacional de Vacinação mas nunca antes de 2016.


Enquanto não houver dados que atestem que Portugal continua a registar menos de 20 casos de tuberculose por 100 mil habitantes, a vacina BCG não vai ser excluída do Programa Nacional de Vacinação. A garantia foi dada ontem ao i por Graça Freitas, subdirectora-geral da Saúde. 

Tal como o i já tinha adiantado em Abril, agora que Portugal é considerado um país de baixa incidência desta doença e uma vez que a vacina tem sistematicamente falhas de produção, os peritos consideram que faz sentido começar a equacionar a saída desta vacina do PNV, a recomendação da OMS para os países de baixo risco. Graça Freitas explica que é isso que vai ser avaliado numa reunião da Comissão Técnica de Vacinação marcada para o final do mês. 

Dessa reunião, caso os peritos concordem com a eliminação da vacina, sairá um calendário para a implementação desta medida, algo que, de acordo com a responsável, nunca entrará em vigor este ano, já que será preciso esperar pelo balanço anual da tuberculose. “Para 2015 não alteramos rigorosamente nada. Quando chegarem as vacinas, todos os meninos nascidos este ano serão vacinados”, diz Graça Freitas. “A tomar uma decisão, essa decisão terá uma data para entrar em vigor e essa data terá a ver com a consistência dos dados epidemiológicos.”

Não é tudo ou nada Graça Freitas adianta que há vários cenários em cima da mesa e não se passará do “tudo ao nada” no curto-médio prazo. “Podemos manter vacinação universal mais uns anos, vacinar apenas grupos de risco ou manter vacinação de todas as crianças em zonas onde há mais risco. Podemos tomar uma decisão de que, se durante dois anos se mantiver a baixa incidência, passamos para uma determinada abordagem”, exemplifica Graça Freitas, explicando que um agravamento no abastecimento poderá pesar numa implementação mais rápida.

Ontem, na sequência da notícia avançada pelo “DN” de que a DGS vai tomar uma decisão sobre o assunto este mês, peritos como Carlos Robalo Cordeiro, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, manifestaram preocupação com uma interrupção repentina da BCG. O ministro da Saúde acabaria por esclarecer na Antena 1 que não há intenção de alterar a vacinação num prazo de um a dois anos.

Em falta quase todo o Verão, espera-se a chegada de vacinas em Outubro, estando mais de 20 mil bebés à espera. Os que aguardam há mais de dois meses terão de fazer antes a prova da tuberculina para ver se estão infectados – exames marcados para este mês. Os recém-nascidos deveriam levar a vacina ainda na maternidade, mas o atraso não preocupa os peritos. Em 2119 casos de tuberculose registados em 2014, só 14 ocorreram até aos cinco anos. Portugal, Irlanda e Grécia são os únicos países da Europa ocidental que mantêm a vacinação universal contra a tuberculose. A vacina não evita a infecção com o bacilo da tuberculose, mas retarda a sua proliferação e diminui o risco de complicações graves.