Exportações atingem recorde em Julho, importações ao nível mais alto desde 2008

Exportações atingem recorde em Julho, importações ao nível mais alto desde 2008


Nos primeiros sete meses de 2015, Portugal comprou 35,6 mil milhões e vendeu 29,9 mil milhões de euros.


A recuperação das importações, graças à retoma do consumo privado, tem sido o principal motor da ténue melhoria dos indicadores orçamentais. E isso é visível nos valores das trocas comerciais portuguesas:nos primeiros sete meses deste ano, Portugal importou 35,6 mil milhões de euros, segundo números ontem divulgados pelo INE. Este nível de importações é o maior registo desde 2008, quando as compras portuguesas ao exterior atingiram os 37,2 mil milhões no mesmo período. Desde então, as importações foram sendo gradualmente contidas – através de medidas de contenção de salários, por exemplo –, um garrote que foi sendo gradualmente aliviado a partir de 2014, alimentando o regresso das importações às subidas: mais 4,1% nos primeiros sete meses de 2014 e mais 3,5% agora. 

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Ao contrário dos anos anteriores, porém, os ganhos acumulados nas exportações desde 2008 trouxeram uma maior margem à economia portuguesa para lidar com este crescimento das importações. Se entre Janeiro eJulho de 2008 a balança comercial ostentava um défice de 13,4 mil milhões de euros, este ano, o valor do défice comercial até Julho foi de apenas 5,3 mil milhões. Mais do que o aumento das exportações nos últimos anos – 0,6% até Julho de 2014 –, o salto mais determinante nas vendas ao exterior deu-se de 2010 para 2011, quando as exportações cresceram 16,6%, continuando desde então a ganhar cada vez mais quota e regressando este ano a um ritmo de crescimento assinalável. 

Segundo os dados do INE, entre Janeiro eJulho deste ano, Portugal vendeu 29,9 mil milhões para fora do país, mais 5,7% que no mesmo período do ano passado. Este salto foi superior ao dado pelas importações ao longo de 2015, que cresceram 3,5%, de 34,4 para 35,6 mil milhões de euros. Noves fora e vai um, e a economia portuguesa passou de um défice de 6 mil milhões nas relações comerciais com o exterior para 5,6 mil milhões nos primeiros sete meses de 2014 e 2015, respectivamente. 

Apesar da melhoria e de as exportações terem chegado ao seu nível mensal máximo em Julho deste ano – com 4,73 mil milhões de vendas ao exterior –, a rota ascendente que as importações estão a tomar impediram que o passado mês de Julho fosse um dos melhores ao nível da balança comercial: os 662 milhões de euros de défice em Julho são largamente ultrapassados por vários registos mensais de 2012 e 2013. É que 2012 foi o ano do “grande aumento de impostos” do governo de Passos e Portas, que obrigou os residentes em Portugal a uma travagem a fundo em todos os tipos de despesas, provocando assim o período de escalada desenfreada do desemprego em Portugal que chegou ao pico em 2013.

Produtos Segundo avança o Instituto Nacional de Estatística (INE) na nota sobre as estatísticas do comércio internacional ontem divulgada, a subida das exportações deveu-se “sobretudo ao comércio intra-UE”, cujo crescimento homólogo em Julho apanhou a “quase totalidade dos grupos de produtos, em especial nas máquinas e aparelhos, produtos agrícolas e plásticos e borrachas”. Já face aos registos de Junho deste ano, o INE destaca igualmente a importância das vendas intra-UE, realçando agora “o calçado e vestuário”. 

Sobre as compras ao exterior, e em termos homólogos, em Julho registou-se uma quebra de 1,1%“em resultado da evolução do comércio extra-UE”, com as contas nacionais a beneficiarem da redução da despesa com combustíveis minerais.

OINE refere ainda que excluindo das contas as compras e vendas de combustíveis e lubrificantes, os números de Portugal ao nível do comércio com o exterior mostrariam que, em termos homólogos, “em Julho de 2015 as exportações aumentaram 5,7% e as importações 5,5%”.