Empresas diminuíram salários este ano

Empresas diminuíram salários este ano


Cerca de 22% das empresas em Portugal optou por congelar os salários


Os salários tanto nas funções de base como nas de topo estão a descer. Esta é uma das conclusões do estudo realizado pela consultora Mercer que analisou 112.677 postos de trabalho em 307 empresas presentes no mercado português.

Os quadros de direcção-geral/administração, administrativos e operários sofreram uma diminuição dos níveis salariais, registando descidas entre os -1,60% e os -0,02%. As restantes famílias funcionais analisadas beneficiaram de ligeiros incrementos salariais (entre 0,25% e 1,52%), tendo sido inferiores aos valores observados em 2014 (entre 1,18% e 1,56%), perspectivando-se que em 2016 essa variação se mantenha entre 0,79% e 1,24%.

 “No que se refere a incrementos salariais por níveis funcionais em Portugal tem-se observado, nas empresas, que os mesmos tendem a tornar-se cada vez mais uniformes. Mas verifica-se uma tendência para uma maior penalização dos níveis funcionais com maior responsabilidade em períodos de recessão, bem como uma recuperação mais acentuada em períodos de expansão da actividade económica”, revela o responsável da área de estudos de Mercado da Mercer, Tiago Borges.

De acordo com o mesmo estudo, a uniformização, a longo prazo, dos pacotes de remuneração e dos incrementos salariais é um fenómeno expectável em áreas económicas homogéneas. Seria de esperar, como tal, que existisse um alinhamento entre Portugal e o espaço económico europeu. “Este comportamento deveria ser motivado tanto por uma inflação que se pretende reduzida e orientada por regras de controlo e disciplina orçamental a que obrigam as normas da União Europeia, bem como por uma crescente integração dos mercados laborais europeus derivada de uma crescente mobilidade do factor trabalho. As diferenças entre a situação portuguesa e a de outros estados membros da União Económica e Monetária, bem como as deficiências na arquitectura do sistema monetário europeu têm colocado alguns obstáculos a este processo de uniformização”, salienta o responsável.

No entanto, conjunturalmente, e devido ao ciclo de ajustamento económico que caracterizou os últimos anos, verificou-se “um número excepcionalmente elevado de empresas a congelarem os incrementos salariais (cerca de 22% das empresas participantes) como medida de redução do peso da massa salarial na estrutura de custos das organizações”, refere o documento, que garante, ao mesmo tempo, que as empresas estão a voltar a praticar, por norma, incrementos salariais positivos, “o que reflecte a preocupação em recuperar competitividade nas estruturas de remuneração, após um período onde a preocupação dominante foi o reequilíbrio financeiro”.