Deputados curdos proibidos de entrar em cidade turca

Deputados curdos proibidos de entrar em cidade turca


Foram bloqueados a cerca de 20 quilómetros da cidade, situada no sudeste da Turquia de maioria curda e próxima da fronteira com o Iraque.


A polícia turca bloqueou esta quinta-feira a marcha de diversos deputados curdos para denunciar o recolher obrigatório imposto em Cizre (sudeste), onde decorrem há uma semana violentos combates entre o exército e rebeldes curdos com vítimas civis.

A caravana automóvel saiu da vizinha província de Mardin, liderada pelo líder do Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda e pró-curdo), Selahattin Demirtas, mas foi bloqueada a cerca de 20 quilómetros da cidade, situada no sudeste da Turquia de maioria curda e próxima da fronteira com o Iraque.

“Para garantir a sua segurança (…) não permitimos que se desloquem a Cizre”, declarou aos jornalistas o ministro turco do Interior, Selami Altinok, confirmado a manutenção do recolher obrigatório imposto há uma semana.

Segundo o ministro, os confrontos já provocaram entre 30 e 32 mortos nas fileiras do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e um civil. De combatentes rebeldes terão sido ainda detidos e apreendido diverso armamento, acrescentou.

O HDP denunciou por sua vez que 21 civis, incluindo diversos menores, foram mortos nos combates.

Citado pelos media curdos, um dos deputados do movimento retido no interior da cidade,Mehmet Ali Aslan, afirmou que oito civis foram mortos pelo exército apenas na noite de quarta para quinta-feira.

O partido pró-curdo, que pela primeira vez elegeu um grupo de 80 deputados ao garantir 13% dos votos nas inconclusivas legislativas de 7 de Junho, denunciou o “cerco” imposto pelas forças de segurança e a degradação das condições de vida dos 120 mil habitantes de Cizre, incluindo os “sérios problemas de acesso a comida, água, serviços de saúde”, e alertou para a eventualidade de um “massacre de civis”.

Os confrontos armados entre o exército de Ancara e o PKK foram retomados no final de Julho, pondo termo às negociações iniciadas no final de 2012 para terminar com um conflito que desde 1984 provocou perto de 40 mil mortos.

No âmbito da ofensiva política do governo islamita conservador do AKP, que perdeu a maioria absoluta no escrutínio de Junho, a justiça turca instaurou um inquérito judicial ao líder do HDP, designadamente por “apologia de uma organização terrorista”, numa referência ao PKK.

De acordo com a agência noticiosa oficial Anatolia, o procurador já pediu uma pena de 19 anos de prisão para Selahattin Demirtas.

As eleições legislativas antecipadas na Turquia foram agendadas para 1 de Novembro.

Lusa