Os ministros da Agricultura da União Europeia reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas para debaterem o mercado dos lacticínios, que deixou de ter apoios desde 31 de Março, depois de 30 anos de quotas comparticipadas pela Política Agrícola Comum.
O encontro está a ser marcado por forte contestação dos produtores, que ontem à tarde obrigaram a polícia federal a cortar vários dos acessos à capital, onde estão sediadas a maioria das instituições comunitárias. Em causa está a crise agro-alimentar que tem feito cair a pique o preço do leite e, consequentemente, os rendimentos destes agricultores.
Um dos túneis que liga a zona das instituições ao centro de Bruxelas vai permanecer cortado hoje durante todo o dia e várias ruas circundantes estavam ontem à tarde inacessíveis devido aos protestos organizados nas imediações da rotunda de Schuman e do Parque do Cinquentenário. A polícia também avisou os condutores para deixarem os veículos em casa. Para já, ontem à tarde estavam ali estacionados 15 dos cerca de 150 tractores esperados para a manifestação de hoje, provenientes de Battice e Liége.
Para hoje são igualmente aguardadas várias linhas de autocarros que vão agravar a circulação na área ao longo de todo o dia. A estação de metro de Schuman, a mais próxima das instituições, também estará encerrada durante 24 horas.
A situação do mercado dos lacticínios, que a Comissão Europeia já admitiu ser “difícil”, levou Portugal, em conjunto com outros estados-membros, a pedir a Bruxelas que aumente o preço de intervenção – compra de leite e também ajudas ao armazenamento – de modo a ajudar os produtores quando houver excedentes no sector.
Actualmente, o valor a partir do qual pode haver uma intervenção pública para compra do leite está fixado nos 0,21 euros, montante que os países consideram demasiado baixo.
Menores rendimentos O preço do leite cru caiu 20% em Junho na UE face ao mesmo período do ano passado, enquanto a quebra em Portugal foi de 16%, numa tendência que se deverá manter ao longo dos próximos meses, segundo o Observatório do Mercado Europeu do Leite (MMO).
A mesma fonte refere que, em Junho, o preço médio da tonelada era de 30 euros, uma quebra de 20% face ao mesmo mês de 2014 e de 1,8% face a Maio. Se a comparação for com a média dos últimos cinco anos, então os produtores tiveram perdas da ordem dos 9%.
As estimativas do observatório apontam para que o preço do leite cru continue a recuar nos próximos meses, prevendo que os produtores venham a enfrentar dificuldades de tesouraria.
Em Portugal, e na variação homóloga, o preço do leite caiu 16% nos primeiros seis meses deste ano, enquanto em cadeia recuou 0,7% para os 28,8 euros por tonelada, o mínimo desde Janeiro de 2013.
Ainda segundo o MMO e em Julho, a produção de leite na União aumentou 2,7% em Maio, levando o acumulado dos primeiros cinco meses do ano para um nível 0,2% acima do produzido em 2014.
Junho foi também o mês em que o preço médio do leite cru na União Europeia atingiu o seu mínimo, 30 euros, tendo o máximo, de 40,2 euros, acontecido em Dezembro de 2013.
Portugal é o 16.o produtor de leite na UE, com uma quota de 1,2% numa tabela liderada pela Alemanha (19,7%), a França (15,9%), Reino Unido e Polónia (8% cada), segundo dados do Eurostat.