Mais de mil pessoas homenagearam GNR assassinado em serviço na Quinta do Conde

Mais de mil pessoas homenagearam GNR assassinado em serviço na Quinta do Conde


Militar da GNR morreu na semana passada num tiroteio na Quinta do Conde.


Mais de mil pessoas participaram este sábado numa marcha silenciosa de homenagem ao jovem elemento da GNR assassinado a semana passada, em serviço, na Quinta do Conde, em Sesimbra.

"Tomei a iniciativa de organizar a manifestação na sequência da tragédia que nos levou três pessoas da comunidade, sendo que dois deles eram agentes de polícia, da GNR e da PSP", disse aos jornalistas Maria Bell, promotora da manifestação deste sábado através de uma rede social na Internet.

"É preciso que o MAI (Ministério da Administração Interna) comece a dar uma maior atenção a estes agentes, à polícia à GNR, porque esta situação está a revoltar vivamente a população. É bom que eles (MAI) se debrucem sobre isto e que façam uma melhor apreciação, porque as coisas não podem continuar assim. Eles (GNR e PSP) precisam de mais efetivos nas ruas, não podem ir dois agentes, num jipe velho, acorrer uma situação destas", acrescentou.

Maria Bell, antiga colaboradora da Cruz Vermelha, decidiu convocar a manifestação na sequência do triplo homicídio que ocorreu no passado dia 29 de agosto na Quinta do Conde, quando um homem assassinou um vizinho e agente da PSP, e o filho deste, acabando, pouco depois, por também balear mortalmente o jovem militar da GNR Nuno Anes, de 25 anos, que acorreu ao local do crime em serviço.

Entre os manifestantes, que desfilaram este sábado entre a Junta de Freguesia da Quinta do Conde e o posto local da GNR, participaram também representantes de sindicatos de polícia e da Associação dos Profissionais da Guarda (APG).

"Lamentamos que estas situações aconteçam e que continue a não haver o reconhecimento da profissão e do risco que nós temos. É preciso que alguém que tutela as forças de segurança reconheça que a nossa profissão, por situações como esta, é uma profissão de risco, uma profissão de desgaste rápido", disse aos jornalistas José Miguel, vice-presidente da APG.

"Alguém tem de pensar na forma de legislar como se deve reconhecer o risco e a profissão de agente da autoridade", acrescentou.

Uma opinião corroborada por Leonel Madaíl dos Santos, do Sindicato Nacional da Carreira de Chefes da PSP, são necessárias alterações legislativas para que os primeiros elementos das forças de segurança que chegam ao local tenham uma maneira de trabalhar diferente e mais apoiada pela lei.

"O que acontece geralmente é o inverso: se têm uma intervenção mais musculada são criticados e, por vezes, são punidos; se não têm, poderão ocorrer situações como esta que ocorreu na Quinta do Conde", disse.

Para Peixoto Rodrigues, do Sindicato Unificado da Polícia, que também reclama melhores condições de segurança para as forças policiais, os acontecimentos da Quinta do Conde constituem também um sinal para o poder político".

"Isto é um sinal que a própria sociedade está a dar ao poder político. A sociedade está cada vez mais violenta há uma grande falta de respeito pelo próximo", disse, acrescentando que a prevenção deste tipo de situações se deve fazer através do investimento na educação.

"Estas coisas resolvem-se com investimento nas escolas. Isto ensina-se nas escolas – o respeito pelo próximo – através dos manuais escolares. Caso contrário, este tipo de violência vai continuar", concluiu.

Lusa