Nos tempos em que fazia parte do Bloco de Esquerda, chamavam-lhe Barbie. Joana Amaral Dias rejeitava o cognome assumindo que era um estereótipo paradoxal. “Se uma mulher ascende a posições de destaque, ainda mais se torna necessário pô-la no devido lugar, pô-la na ordem”, defendeu ao “Expresso” em 2009. Agora, depois de deixar o BE, a actual líder do movimento Agir e candidata às legislativas salta para as bancas como veio ao mundo, na sétima edição da revista “Cristina”.
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Grávida de quatro meses, surge ao lado de Pedro, o namorado de 30 anos e pai da criança. “É uma entrevista a uma mãe (grávida) que por acaso é (também) política”, explica Nuno Santiago, director-geral da revista, negando qualquer objectivo político com esta capa. “A ‘Cristina’ é uma revista totalmente independente do poder político”, ressalva ao i.
A psicóloga e candidata a deputada torna-se assim a primeira figura política portuguesa a despir-se para uma revista. E qual o impacto que poderá ter esta nudez para as legislativas que se avizinham? “Não faço ideia se vai conseguir mais ou menos votos em consequência desta capa. Aquilo que a equipa lhe deseja é toda a sorte do mundo para a sua gravidez e fica o pedido de nos vir apresentar a bebé quando nascer”, remata Nuno Santiago.
E assim se fecha mais um capítulo desta publicação. Agosto foi um mês de sucesso para a revista “Cristina”. A produção ousada da actriz Rita Pereira foi o destaque e a publicação esgotou nas bancas (ao ponto de ter sido feita uma segunda edição). Em Setembro, com a mudança de estação, o objectivo é não deixar arrefecer o êxito anterior. Vai daí, a sétima edição apresenta não uma, mas duas capas. Joana Amaral Dias é a protagonista de uma delas. A outra traz o cantor Anselmo Ralph (vestido!). O leitor decidirá por onde começa a folhear.
“O 7 é um número especial para nós. Sendo esta a sétima edição, pensamos em assinalar esse número de uma forma inovadora: duas capas, muito diferentes uma da outra”, conta o director-geral da revista. E o que têm em comum Joana Amaral Dias e Anselmo Ralph? “Ambos nasceram em Luanda.”
A olho nu Começou tudo muito bem vestido, com o primeiro número a trazer como convidado o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Na segunda versão de “Cristina”, a fadista Mariza, também ela bem composta. Foi à terceira que a revista começou a prometer mais ousadia.
Quem aparecia na capa era o gato fedorento Ricardo Araújo Pereira, mas a legenda deixava o aviso: “O Pedro vai nu.” E lá para o meio da revista, “Cristina” cumpria o prometido e Pedro Teixeira, actor e apresentador da TVI, aparecia em tronco nu. Foi apenas um gostinho do que viria aí…
Quaresma Em Junho, a “Cristina” número quatro chega às bancas – e dá-se o turbilhão nas redes sociais. A figura era Ricardo Quaresma. O futebolista, que na altura ainda pertencia aos quadros do FC Porto, estampava a capa da revista em pelota, segurando apenas um quadro com a imagem de Cristina Ferreira a tapar a zona proibida. A pose – propositadamente ou não – remetia para a fotografia de 1994, em que o cantor José Cid cobre as partes baixas com um disco de ouro.
A capa tornou-se mais viral que nunca. Além dos comentários, gostos e partilhas, sucederam-se as montagens e as paródias. Contudo, a brincar, a brincar, a “Cristina” de Junho foi um sucesso e os números confirmam-no: 72 303 de circulação impressa total (algo apenas superado pela primeira edição,110 068).
Talvez para não perder a atenção do público masculino, a edição seguinte, a número 5, trazia na capa uma catrefada de mulheres: as actrizes Sofia Ribeiro, Sara Prata, Anabela Moreira e Paula Neves, a cantora Rita Guerra e a própria Cristina Ferreira. Numa produção fotográfica com muita espuma, a revista convidava o leitor – em plena época balnear – a ir a banhos.
Rita O número 6 da revista trouxe Rita Pereira, protagonista da novela da TVI “A Única Mulher” e – para variar – sem roupa. Apesar de não ser a primeira vez que a actriz aparecia nua numa capa de revista (já tinha aparecido na “Playboy” em Maio de 2012), desta vez a nudez não foi o principal destaque. Na entrevista concedida a Cristina Ferreira, Rita abordou a sua relação com o cantor Angélico Vieira, que morreu em 2011 num acidente de carro. As vendas dispararam mais uma vez e a revista esgotou nas bancas, dando lugar a uma segunda edição.
O director-geral da revista enumera alguns dos factores responsáveis pelo sucesso da publicação: “O factor novidade; a enorme popularidade da Cristina Ferreira e o forte vínculo que consegue criar com o público; a notoriedade dos convidados de capa e a componente inusitada das produções; a qualidade dos conteúdos; a qualidade do papel e da impressão; a sua capacidade de gerar empatia com os leitores.”
A revista define-se, segundo Nuno Santiago, como uma “news magazine with a twist”. “A sua abordagem despretensiosa, irreverente, pouco convencional e não formatada, e ao mesmo tempo séria, rigorosa e próxima das pessoas ditas comuns”, é o que faz com que “Cristina” esteja um passo à frente da concorrência, defende Nuno Santiago.