O total de trabalhadores assalariados na economia grega caiu 18% entre 2010 e 2014, uma quebra que afectou sobretudo os homens – que ocupavam dois terços dos empregos remunerados que se perderam. Os números foram ontem divulgados no relatório anual do Instituto Laboral da Confederação dos Trabalhadores Gregos, divulgado pela“Macropolis”. Segundo as conclusões do estudo, a recessão e as medidas de austeridade “tiveram um impacto devastador sobre o mercado laboral” entre 2010 e 2014.
No final de 2014 contavam-se 2,16 milhões de trabalhadores assalariados na Grécia, menos cerca de 500 mil que os existentes no final de 2010. Oimpacto foi sobretudo sentido pelos que tinham contratos temporários: nos contratos a prazo a redução foi de 24%, enquanto entre os trabalhadores permanentes chegou a 17%, especifica a “Macropolis”.
“Além disso, a queda no sector privado chegou a 16,8%”, valor que no público alcançou quase os 20%. Traduzindo estes valores, significam que se perderam 300 mil empregos remunerados no sector privado grego entre 2010 e 2014, ao que se juntam mais 191 mil do lado público.
Além da quebra abrupta do total de empregos remunerados disponíveis para a população activa residente na Grécia, é de destacar igualmente a evolução em baixa dos salários pagos aos trabalhadores que conseguiram manter ou obter um emprego, assim como a própria qualidade destes empregos.
Segundo os dados da confederação, e apesar da criação de 684 mil empregos em 2012 e 1,57 milhões em 2013, “estes números reflectem essencialmente o aumento do emprego a part time”, com as situações de subemprego e emprego a tempo parcial a passarem a representar hoje mais de metade dos empregos criados no país – em 2009 eram 21%do total e em 2011 já atingiam 40% dos novos empregos. Além disso, destaca a Macropolis, a conversão de contratos a full time para part time “subiu substancialmente, de 17 mil em 2009 para 84,5 mil em 2012”. Em resultado destas evoluções, “a contribuição do emprego precário para o total de empregos subiu de 29% para 44% em 2014”.
Salários Adisseminação da pobreza entre a população grega nos anos da troika fica também explicada pela evolução do salário mínimo que a lei permite que as empresas paguem aos seus trabalhadores. Nos anos da crise, diz a confederação, “o declínio do salário mínimo chegou a quase 25%, a maior queda da União Europeia”. E enquanto os salários mínimos foram cortados e os empregos remunerados iam desaparecendo, a austeridade aumentou os preços de praticamente todo o tipo de produtos e bens de primeira necessidade na Grécia.
O salário mínimo na Grécia é hoje de 684 euros(anualizados), valor que compara com os 589 euros que a lei deixa que as empresas paguem em Portugal a troco de mão-de-obra. Por outro lado, naEslóvenia ou em Malta o mínimo é superior a 700 euros.