Definir uma estratégia significa não só preparar o plano de acção que melhor corresponda aos nossos objectivos, como dificultar a iniciativa dos nossos adversários. Creio que ninguém de bom senso pode pois condenar aqueles que querem a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República e tudo fazem para condicionar a movimentação de outros possíveis candidatos na sua área política.
Todavia, não condenar está longe de traduzir concordância, porque a legitimidade que assiste a quantos dizem que a prioridade são as legislativas e de caminho fazem diariamente a campanha do seu candidato, em nada diminui a legitimidade de quantos desejem candidatar-se e anunciem essa intenção antes de Outubro.
Podemos compreender que o círculo que tudo pode e tudo está habituado a decidir queira evitar a concorrência de quem não frequenta os salões dourados de uma corte caduca e cada vez mais vazia, mas isso não significa que tenhamos de aceitar como irremediavelmente certo o que nos dizem.
Bem pelo contrário, devemos ter a séria esperança de que o próximo Presidente da República esteja liberto das simpatias balofas, distante dos mandarins de sempre do regime, separado dos discípulos da intriga e livre, autenticamente livre, para que a sua autoridade, mais até do que o seu poder, se imponha nos tempos futuros. E esta é por si uma razão maior para que um outro candidato da área não socialista decida sozinho quando se deve apresentar.
Prof. da Universidade Lusíada