Laura Ferreira. Ao lado de Passos Coelho desde o primeiro dia

Laura Ferreira. Ao lado de Passos Coelho desde o primeiro dia


Laura Ferreira participou na campanha de 2011 activamente ao lado de Passos. Passos foi acusado de usar a doença da mulher para fins eleitorais.


Quando Pedro Passos Coelho se tornou líder do PSD, a mulher, Laura Ferreira, foi sempre uma figura presente. Esteve a seu lado no congresso, deu entrevistas e apareceu ao lado do marido num vídeo de campanha feito segundo os moldes habituais nos Estados Unidos. Antes de se tornar líder, Passos Coelho era caricaturado pelos opositores internos como o “Obama de Massamá” – Massamá porque é o subúrbio de Lisboa onde mora e Obama para acentuar o facto de Laura ser guineense.

Pedro Passos Coelho e a sua entourage não se importaram com isso: Massamá e a Manta Rota eram bons contrapontos ao apartamento da Heron Castilho onde vivia Sócrates ou as férias em hotéis de cinco estrelas que costumava gozar.
Na véspera das eleições de 2011, Laura Ferreira deixou-se fotografar abraçada a Pedro Passos Coelho no Terreiro do Paço pela revista “Vidas”, do “Correio da Manhã”. “O meu marido é um homem apaixonado, é um homem honesto de valores. Acima de tudo é um homem de convicções e acredito inteiramente nele. Além disso, amo-o profundamente”, disse na altura.

Em Novembro de 2014 foi diagnosticado um cancro a Laura Ferreira. Em Janeiro, quando a doença da mulher foi tornada pública, o primeiro-ministro enviou à Lusa um comunicado pedindo respeito pela privacidade da família. “Como se tornou do conhecimento público recentemente, e para evitar mais especulações sobre este assunto, confirmo que foi diagnosticado à minha mulher, Laura Ferreira, um problema do foro oncológico, que está a ser devidamente acompanhado”, afirmou Passos Coelho. “Dado que se trata de um assunto privado, que apenas diz respeito à minha família, peço também que essa reserva de privacidade continue a ser respeitada”, pediu o primeiro-ministro.

Na biografia do primeiro-ministro – “Somos o que escolhemos ser” –, escrita por uma assessora do PSD, Laura Ferreira fala abertamente do cancro. “Eu tenho medo de deixar as minhas filhas, a minha família, o meu marido. Tenho muito medo de morrer. O Pedro consegue tranquilizar-me e dar-me força”, afirma no livro Laura Ferreira.

Logo que a biografia foi publicada, Passos Coelho foi acusado de estar a utilizar a doença da mulher como instrumento eleitoral. Escreveram-no o advogado Manuel Magalhães e Silva na sua coluna do “Correio da Manhã”, o jornalista Pedro Tadeu no “Diário de Notícias” ou o escritor Rui Cardoso Martins, no “Público”.

No início de Julho, Laura Ferreira apareceu ao lado do marido, numa visita oficial a Cabo Verde, com a cabeça totalmente rapada. A mulher de Passos Coelho optou por não ocultar as consequências da quimioterapia, que terminou em Agosto, antes de partir com o marido para as férias na Manta Rota. A publicação da fotografia de Laura Ferreira sem cabelo ao lado do marido, nessa visita, voltou a servir de pasto a um chorrilho de acusações a Passos Coelho sobre a utilização da doença de Laura na campanha.

Mulheres de outros Políticos

Maria Barroso

Maria Barroso foi fundadora do PS, quando já era casada com Mário Soares. O seu activismo político remonta antes do casamento. Maria Barroso foi sempre participante activa nas campanhas eleitorais de Soares, nomeadamente nas campanhas para a Presidência da República. Faziam campanhas autónomas: Maria Barroso percorria uma parte do país quando Soares estava noutra.

Maria Cavaco Silva

Maria Cavaco Silva é talvez a mulher de um titular de cargos públicos em Portugal que mais mostra em público a sua influência sobre o marido. É tanto que na sua Autobiografia Política, Cavaco, a propósito do congresso da Figueira da Foz, recorda que a  sua mulher “preferia que não ganhasse mas, como sempre, estava ao meu lado” e até o ajudou a escrever o discurso. Maria esteve sempre ao lado do actual Presidente da República, seja nos bastidores ou debaixo dos holofotes.

Luísa César

A mulher de Carlos César ajudou a preparar a sucessão de Mota Amaral nos Açores. Durante a campanha de 1996, o agora presidente do PS quis marcar a diferença em relação ao seu antecessor, que era solteiro, e calcorreou as ilhas de mão dada com Luísa César. Durante os 16 anos em que o socialista se manteve à frente dos Açores, Luísa César cultivou uma postura discreta mas nunca foi vista só como a acompanhante do presidente. Assumiu cargos públicos e ainda lidera o Banco Alimentar.

Manuela Eanes

 Manuela Eanes, mulher do antigo Presidente da República António Ramalho Eanes, teve sempre uma participação activíssima nas campanhas eleitorais do marido. A mais impressionante de todas as intervenções de campanha de Manuela Eanes foi quando foi fundado o Partido Renovador Democrática (PRD) que tinha nascido à sombra de Eanes. Como Eanes ainda era Presidente e estava impedido, a campanha foi feita em todo o país por Manuela. O PRD foi um sucesso eleitoral em 1985.

Luísa Guterres

Luísa Guterres acompanhou sempre António na campanha eleitoral para as legislativas de 1995, tanto quanto a sua frágil saúde o permitia. Discreta, Luísa raramente falava com a imprensa. Participou num beijo encenado numa convenção no Coliseu dos Recreios antes das eleições. Os jornalistas foram informados que António iria dar um beijo a Luísa – para que as câmaras pudessem captar.

Fernanda Mota Pinto

A mulher do antigo primeiro-ministro Carlos Alberto da Mota Pinto acabou por vir a ter uma carreira política já depois da morte do marido. Fernanda Mota Pinto chegou a fazer parte Comissão Política do PSD, no tempo da liderança de Fernado Nogueira. Foi também provedora da Santa Casa da Misericórdia e deputada na Assembleia da República.

Maria José Ritta

Foi uma primeira-dama discreta nos dez anos que passou por Belém, quando o marido Jorge Sampaio foi Presidente da República. Era desconhecida até aparecer em campanha, com os dois filhos ainda pequenos, Vera e André, onde participou sempre activamente. Era funcionária da TAP quando o marido se candidatou à Presidência, chegou a dar uma entrevista a dizer que não deixaria a profissão, mas acabou por fazê-lo.

Snu Abecasis

Snu Abecasis vivia com Francisco Sá Carneiro quando o primeiro-ministro ainda estava casado com outra mulher. Sá Carneiro assumiu completamente a relação com Snu, que o acompanhava sempre nas viagens oficiais e era presença constante ao lado de Sá Carneiro. Mas quando morreram ambos no Cessna, na campanha para as presidenciais de 1982, tiveram funerais separados. A mulher legítima velou Sá Carneiro e não quis o corpo de Snu por perto.

Margarida Sousa Uva

No penúltimo dia da campanha para as legislativas de 2002, Margarida de Sousa Uva subiu ao palco do pavilhão gimnodesportivo de Tondela para explicar as razões porque ia votar no marido, Durão Barroso. O momento foi preparado pelo staff do então candidato do PSD. Para a história fica a comparação de Durão Barroso a um cherne (“O Zé Manel, se fosse um peixe, seria um cherne”), para depois citar um poema de Alexandre O’Neill, ‘Sigamos o Cherne’. Nos três anos em que o marido esteve em São Bento, Margarida de Sousa Uva manteve-se discreta.

Catarina Vaz Pinto

Foi secretária de Estado da Cultura no primeiro governo de António Guterres mas só depois da sua estadia no Executivo é que casou com o então primeiro-ministro, em 2001. Catarina Vaz Pinto, que tem o pelouro da Cultura na Câmara Municipal de Lisboa, não chegou a participar na campanha para a reeleição. Catarina Vaz Pinto foi uma presença discreta ao lado de António Guterres. Catarina aceitou um casamento católico para fazer a vontade a Guterres.

Mercedes Balsemão

Mercedes Balsemão, conhecida por “Tita Balsemão”, é a mulher de Francisco Pinto Balsemão, que foi primeiro-ministro entre Janeiro de 1981 e Junho de 1983. Mercedes sempre acompanhou Francisco Pinto Balsemão desde o início da fundação do Expresso à fundação do PSD, de que hoje Pinto Balsemão, o patrão da Impresa (SIC, Expresso, etc.) é o militante número 1. Mercedes Balsemão sempre esteve envolvida em vários projectos de cariz social e é presença assídua nas revistas cor-de-rosa, desde que foram criadas.