O empreendedorismo, a inovação e muitos outros conceitos são demasiadas vezes diminuídos da sua importância por quem não compreende a sua relevância para o nosso futuro colectivo ou por quem pouco sabe do que fala. Isto não é novidade e é o que acontece sempre que as palavras são desgastadas por uma utilização recorrente, muitas vezes despida do seu verdadeiro significado, ou quando os conceitos são apresentados como sendo a panaceia para todos os males que, obviamente, não o são.
Mas, afinal, do que se fala quando se fala de empreendedorismo?
Acima de tudo, de uma vontade de fazer acontecer. De criar algo, de tomar conta do destino. O empreendedorismo não se ensina numa disciplina, também não se aprende numa miríade de livros sobre o assunto. O empreendedorismo faz-se. Naturalmente que para se ser empreendedor há capacidades pessoais que terão de ser desenvolvidas e utilizadas à exaustão: a ambição, a persistência, a capacidade de tomar risco e a vontade infinita de vencer.
O empreendedorismo não é para todos e não há mal nenhum nisso. Também não é para “ricos”, como muitas vezes se ouve de gente que nunca empreendeu e que subestima quem empreende.
Vão todos ter muito sucesso? Claro que não! Essa é a realidade, muitos vão falhar! E todos os que intentem empreender têm de conhecer essa regra do jogo. Enquanto sociedade, aquilo que temos de fazer é aceitar que quem falha honestamente deve ser apoiado, e não ostracizado.
E vai resolver todos os problemas do país? Lamento, mas também não. Mas resolverá e ajudará a resolver alguns. Temos hoje muitos empreendedores a criar emprego, a exportar, a demonstrar que é possível fazer acontecer e, acima de tudo, a permitir que muitos outros sonhem e acreditem que é possível ter sucesso de Portugal para o mundo.
É por estas razões, e muitas outras, que o empreendedorismo não é, e não pode ser, uma moda! Se há 500 anos havia sete mares que nos separavam do mundo, hoje estamos à distância de um clique, de uma chamada telefónica, de um punhado de bits. E o mundo começa a reconhecer o empreendedorismo português, o que ajuda a validar o caminho que está a ser trilhado. A recente referência da edição online da revista “Forbes”, que tece elogios ao trabalho que está a ser feito em Portugal e a diversas startups que nasceram cá, mas que são hoje do mundo, é exemplo do reconhecimento do enorme salto que Portugal deu nos últimos anos, muito devido a uma geração de pessoas que olham para o mundo de uma forma diferente e sem medo.
Pessoalmente, estou orgulhoso por viver neste tempo de mudança. Por ser empreendedor neste país há mais de 15 anos (quando a palavra ainda não se ouvia e, portanto, não tinha sido gasta), por ter a honra de participar na construção de um novo futuro para o país através de políticas públicas (enquanto secretário de Estado estive na criação da Portugal Ventures, do Passaporte para o Empreendedorismo, do programa +E +I, do programa +Empresas, entre outros), por gerir a Startup Braga (que com a Startup Lisboa, Beta i e tantos outros dinamizam este ecossistema), por conhecer e reconhecer muitos dos jovens (de espírito) que estão a fazer acontecer projectos de qualidade internacional a partir de Portugal.
Há muito para fazer, mas o caminho é este.
O empreendedorismo faz-se! Orgulhemo-nos de quem faz!
Fundação Luso-Americana