Uma maratona tem 42 quilómetros mais 195 metros. É muita distância e há mais de duas horas para os atletas fazerem as distâncias entre si antes de voltarem ao estádio para a consagração. Conta a história que na maior parte das vezes, a entrada para a pista é apoteótica e serve apenas como uma celebração da vitória.
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Os Mundiais de Pequim mostraram o contrário. Depois de 42 quilómetros corridos, havia um teimoso grupo de quatro atletas na frente. Mare Dibaba (Etiópia), Eunice Kirwa (Bahrain) e Helah Kiprop e Jemima Sumgong (Quénia) mantiveram as aspirações até à entrada para o túnel e só aí se começou a perceber o desenho das medalhadas.
Dibaba atacou e Kiprop foi atrás, deixando as outras duas atletas a disputar o bronze. Já nos últimos 100 metros, Kiprop esteve perto de ultrapassar a etíope mas Dibaba explodiu em direcção à meta e terminou a distância com um tempo alto de 2.27''35'', apenas um segundo à frente da rival.
Filomena Costa esteve em excelente nível. Depois de ter ficado alguns metros para trás nos primeiros quilómetros, recuperou o contacto com o grupo da frente pouco depois de passar à frente da Cidade Proibida. Com um ritmo lento, não houve muitas dificuldades para quem sonhava em aguentar o máximo de tempo possível e Filomena Costa manteve-se até restarem apenas 19 atletas, já depois da passagem pelo quilómetro 30.
A partir daí, a história mudou. Ficaram doze na frente e Filomena Costa surgiu num grupo de seis onde também estavam as europeias Rasa Drazdauskaité (Lituânia), Alina Prokopeva (Rússia) e Alessandra Aguilar (Espanha). Com as câmera a fixarem-se na luta pela vitória, deixou de haver actualizações do grupo de Filomena até que a portuguesa entrou no estádio na 12.ª posição, concluindo a prova com um tempo de 2'31''40 e sendo a segunda melhor europeia, apenas atrás da lituana.