O empreendedorismo está a dar cartas em Portugal. Quem o diz é a revista “Forbes”, que vê o nosso país como “famoso pelos descobrimentos marítimos, pela riqueza histórica e cultural e, agora, pelo seu investimento no empreendedorismo”. A revista norte-americana diz que a rápida emergência portuguesa ao longo dos últimos quatro anos nas áreas do empreendedorismo e das tecnologias de inovação é evidente e dá condições à criação e crescimento de promissoras novas empresas.
A verdade é que estão a surgir cada vez mais empresas em Portugal. E essa realidade é visível nos últimos dados da Informa, que revela que só no mês de Julho foram criadas 2861 empresas e desde o início do ano foram constituídas mais de 24 mil. Em contrapartida, assistimos a mais de 1300 encerramentos em Julho e a um total de fechos de quase oito mil empresas desde o início de 2015.
Criar o próprio negócio poderá ser a solução para responder à taxa de desemprego – os últimos dados do Eurostat revelam que a taxa de desemprego em Junho se manteve inalterada face a Maio, nos 12,4%. E como muitos especialistas defendem, é em alturas de crise que se podem criar verdadeiros negócios de sucesso.
Portugal é campeão em apostar em actividades menos tradicionais e ter sucesso com elas. Exemplo disso são os tuk-tuks. A fama veio de longe – popularizado nas grandes cidades da Índia e do Sudoeste asiático – mas este triciclo para transporte de passageiros já faz parte do menu turístico de algumas cidades portuguesas. O negócio pegou à conta dos turistas que visitam o país e tornou-se uma moda urbana.
Há também quem opte por cuidar e passear cães de outras pessoas. Falamos do pet sitting – serviço de visitas regulares a casa dos clientes para cuidar dos animais na sua ausência – e do dog walking – passeio de cães quando os donos não podem. Em Lisboa e no Porto são já várias as empresas a apostar neste serviço e no resto do país basta uma pesquisa na internet para encontrar pessoas disponíveis para o fazer. A actividade ainda dá os primeiros passos no nosso país e, em muitos casos, os profissionais conciliam essa tarefa com outros empregos.
Financiamento
O que é certo é que, na grande maioria dos casos, não basta ter uma boa ideia. Também é preciso capital para investir. O recurso às instituições financeiras é uma das formas mais comuns de os empreendedores conseguirem obter financiamento, mas o certo é que o acesso ao crédito continua restrito. Ao contrário da habitação e consumo – que cresceram 51,5% e 24,9%, respectivamente, nos primeiros cinco meses de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado –, o crédito a empresas caiu mais de 30% entre Janeiro e Maio, de acordo com os últimos dados do Banco de Portugal.
Outra alternativa passa por recorrer ao microcrédito. Geralmente, esta é a solução encontrada por todos aqueles que não têm acesso ao crédito bancário normal e desejam realizar um pequeno investimento (ver páginas 18-19).
Há também quem opte por investir num negócio já com um modelo testado e, nesse caso, recorre-se a actividades em regime de franchising, que permite a quem tem pouca ou nenhuma experiência empresarial abrir um negócio com menos risco e maior probabilidade de ser bem-sucedido, porque está inserido numa rede de apoio e formação por parte da estrutura do franqueador e da notoriedade de uma marca já existente. Mas para isso conte com custos extra, já que vai ter de pagar à marca o uso da mesma (ver páginas 20-21).
Apostar no capital de risco é outra alternativa para quem quer lançar o seu negócio mas não tem o capital necessário. Este é aplicável a projectos de arranque, expansão, modernização e inovação empresarial. O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) é o principal financiador público de fundos de capital de risco. As participações no capital social das empresas concretizam-se pela realização de aumentos de capital que podem ser complementados por suprimentos, prestações suplementares de capital ou outros instrumentos financeiros análogos, por parte de um operador especializado nesta área.
Geralmente, as participações são temporárias e, na generalidade dos casos, minoritárias. O operador de capital de risco intervém na empresa com o objectivo de criar valor, alienando a sua participação num prazo médio de três a sete anos.
No caso de querer ainda testar a sua ideia, pode recorrer aos ninhos de empresas existentes em vários pontos do país. No fundo, são espaços físicos de incubação, dotados de estruturas de apoio técnico, material e logístico, onde podem ser exercidas actividades empresariais. Por norma, as empresas instalam-se em gabinetes e os empresários que estão a dar os primeiros passos pagam uma renda simbólica por esse espaço.