Grécia. Peso dos europeus no FMI forçou participação em resgates

Grécia. Peso dos europeus no FMI forçou participação em resgates


Presidente grego marcou as eleições para 20 de Setembro e sondagens indicam que só uma coligação alargada conseguirá maioria parlamentar


Parte dos membros da direcção do FMI_manifestou sérias dúvidas sobre o resgate inicial à Grécia, alertando que este estava “assente em previsões excessivamente optimistas” e que iria impor “um fardo gigantesco”.

Os alertas foram manifestados a 9 de Maio de 2010, quando os 24 directores debatiam a participação do FMI no resgate. O relato é da “Reuters”, que se baseou nas minutas das reuniões do FMI: “Uma quase maioria de directores tinha a certeza que o programa não ia funcionar”, diz a agência. A divisão era geográfica: foi o peso da Europa e dos EUA que “obrigou” o FMI a entrar. Paulo Nogueira, pelo Brasil, e Arvind Virmani, da Índia, foram os mais críticos.

Dominique Strauss-Khan, o então líder do FMI, “e os seus conselheiros colocaram o FMI numa rota que sabiam ter erros e que os membros não-europeus duvidavam que funcionasse”, diz a agência, com base não só nas minutas mas também em mais de 20 entrevistas com os envolvidos. “Objectivamente, fizemos mais mal que bem à Grécia… emprestámos a um país que já era incapaz de pagar as suas dívidas”, desabafou um economista do FMI. As regras do Fundo proíbem empréstimos a países incapazes de pagar a dívida, o que foi ignorado. O FMI optou também por aceitar o que os políticos europeus defendiam: não reestruturar a dívida.

Quando finalmente se avançou para este haircut, dois anos depois, já a dívida era bem mais alta e já Lagarde liderava o FMI: “Não se congratulem. Daqui a três anos estão a pedir mais dinheiro”, disse a ex-ministra francesa a gregos e credores, então a festejar o segundo resgate e o haircut. Volvidos três anos, aqui estamos. Agora, o FMI calcula que a Grécia precise de um perdão de dívida “de um tamanho nunca visto” e diz que sem um compromisso europeu não participará no resgate.

Governo a três? Ontem o presidente grego marcou oficialmente a data das eleições antecipadas para 20 de Setembro. Com a entrada do país em campanha eleitoral, multiplicaram-se as sondagens [ver em baixo], que apesar de apresentarem resultados ligeiramente diferentes, mostram uma tendência: o partido vencedor precisará de coligar-se com pelo menos outros dois partidos para chegar à maioria parlamentar – isto porque Syriza e Nova Democracia já anunciaram que não irão coligar-se e porque é difícil imaginar uma coligação com a Aurora Dourada, de extrema-direita.

Num mero exercício tendo em conta as sondagens de ontem, o Syriza ficaria com 129 deputados, ficando a 21 da maioria e à excepção da Nova Democracia e da Aurora Dourada, nenhum outro partido terá mais de 18 deputados.

Resultados das três sondagens publicadas sexta-feira