Imagine lá este onze. Vítor Baía à baliza. Na defesa, Michel Salgado (cap), Fernando Couto, Fernando Hierro e Roberto Carlos. No meio, Marcel Desailly. À sua frente, Luís Figo, Edgar Davids e Gaizka Mendieta. Na frente, Jari Litmanen e Pedro Pauleta. Já está? Agora estale os dedos e volte à realidade.
Estádio Azadi, o quarto maior do mundo, com capacidade para 84.412, recebe essa equipa com pompa e circunstância. É um jogo entre as estrelas e a selecção do Irão dos Mundiais 1998 e 2006 (com Abedzadeh, Bagheri, Karimi, Mansourian, Majidi, Golmohammadi, Zarincheh, Estili, Khatibi e Azizi, entre outros). O objectivo é juntar dinheiro para causas solidárias. As pessoas enchem o recinto, não tanto como 22 de Novembro de 1997 em que se bate o recorde (128 mil vs. Austrália, de qualificação para o Mundial-98). As pessoas vibram.
Aos 20 minutos, Hashemian isola Azizi e o avançado não tem contemplações na cara de Vítor Baía. Acontece que o árbitro Afshariyan anula o lance por fora-de-jogo. No quadradinho seguinte, livre para o Resto do Mundo. O lateral brasileiro Roberto Carlos acaricia a bola e cá vai disto, 1-0. Dez minutos volvidos (32'), Figo apanha a bola a jeito no limite da área e amplia para 2-0. Também seria português o 3-0 final, fixado aos 44 minutos, por Pauleta, numa jogada em que finta o guarda-redes e depois um defesa.
Pelo meio, Vítor Baía é expulso. Sim senhor. O guarda-redes toca a bola com as mãos fora da área num remate de Majidi e vê imediatamente o vermelho directo. Afshariyan olha para o cartão e troca-o por amarelo. Assim está bem, onze contra onze. Muda aos três e acaba aos três porque a segunda parte é morna, sem portugueses nem interesses (Illgner toma o lugar de Baía, Solari o de Figo e Morientes o de Pauleta).